Abusos. Comissão do Patriarcado de Lisboa e APAV colaboram na prevenção

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José Souto Moura, que integra aquela comissão, além de presidir à Equipa de Coordenação das Comissões Diocesanas de Proteção de Menores disse hoje, em declarações à agência Ecclesia e à Rádio Renascença, que o protocolo "não se limita ao acolhimento, acompanhamento e eventual tratamento para quem precisar, mas estão pensadas sessões de formação para a prevenção".


"O protocolo tem uma área de atendimento, por parte da APAV, ligada à Grande Lisboa, com postos de apoio em Lisboa, Oeiras, Cascais, Odivelas e Cadaval", acrescentou.

Segundo o ex-procurador-geral da República, o trabalho preventivo vai envolver a APAV, as vigararias e instituições particulares de solidariedade social.

Souto Moura adiantou que a Equipa de Coordenação Nacional está a preparar a criação de uma bolsa de psicólogos e psiquiatras que possam "acompanhar e acolher" as vítimas.

Em fevereiro, a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica -- liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht -- anunciou a validação de 512 testemunhos de alegados casos de abuso, apontando, por extrapolação, para pelo menos 4.815 vítimas. Vinte e cinco casos foram enviados ao Ministério Público, que abriu 15 inquéritos, dos quais nove foram arquivados.

Os testemunhos referem-se a casos ocorridos entre 1950 e 2022, o espaço temporal abrangido pelo trabalho da comissão.

No relatório, aquela comissão alertou que os dados recolhidos nos arquivos eclesiásticos sobre a incidência dos abusos sexuais "devem ser entendidos como a 'ponta do iceberg'" deste fenómeno.

A comissão entregou na semana passada aos bispos diocesanos listas de alegados abusadores, alguns ainda no ativo.

Na quarta-feira, a diocese de Angra, nos Açores, e a arquidiocese de Évora, anunciaram a suspensão cautelar de três sacerdotes, enquanto decorrem investigações sobre alegados casos de abuso por eles praticados.

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