Associação Quebrar o Silêncio diz que discurso da Igreja é "ambíguo"

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"O discurso foi ambíguo", disse à Lusa o presidente da associação, Ângelo Fernandes, numa reação às conclusões da Assembleia Plenária extraordinária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que hoje decorreu em Fátima para analisar o relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Menores na Igreja Católica em Portugal.


"Ficamos na dúvida como é que o apoio psicológico vai ser garantido, em que circunstâncias e quem vai prestar esse apoio", afirmou Ângelo Fernandes, apontando a falta de "medidas mais concretas e detalhadas" no tempo.

O dirigente da associação Quebrar o Silêncio realçou, ainda, que o apoio psicológico a vítimas de abusos sexuais "tem de ser altamente especializado", exigindo "conhecimento sobre trauma".

Em comunicado, lido à imprensa pelo porta-voz da CEP após a reunião, o episcopado assegura que às vítimas, "se o desejarem", ser-lhes-á disponibilizado "o devido acompanhamento espiritual, psicológico e psiquiátrico".

A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica validou 512 dos 564 testemunhos recebidos, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de vítimas da ordem das 4.815.

Vinte e cinco casos foram reportados ao Ministério Público, que deram origem à abertura de 15 inquéritos, dos quais nove foram já arquivados, permanecendo seis em investigação.

Estes testemunhos referem-se a casos ocorridos entre 1950 e 2022, período abrangido pelo trabalho da comissão.

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