Aumenta mobilização para proteger o que resta do Muro de Berlim

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A mobilização para salvar um resto do Muro de Berlim aumentou este domingo, quando seis mil pessoas se manifestaram para tentar proteger esse símbolo da Guerra Fria, que se tornou uma atração turística, agora ameaçada por projetos urbanísticos.

Os manifestantes concentraram-se em frente à East Side Gallery, na capital alemã, para se manifestarem contra o desaparecimento de uma parte do pedaço de 1,3 quilómetros do muro, decorado por uma centena de frescos, pintados por artistas plásticos de todo o mundo.

Na sexta-feira, algumas centenas de pessoas estavam já reunidas em frente ao que constitui o maior e um dos mais raros restos do "Muro de proteção antifascista", de acordo com o nome oficial alemão oriental -- da antiga República Democrática Alemã -, que dividiu a cidade de 13 de agosto de 1961 a 09 de novembro de 1989.

Os manifestantes brandiam cartazes em que se podia ler "Indignai-vos!", "O dinheiro está a fazer cair o Muro!" e, quase 24 anos após as manifestações pacíficas na RDA que conduziram à queda do muro, foram buscar um dos 'slogans' do outono de 1989 - "O Muro deve cair!" -- e substituíram-no por "O Muro deve ficar!", a bem da preservação da memória histórica.

"Não posso e não quero tolerar que o pouco que resta do Muro de Berlim ainda de pé seja destruído", exclamou o deputado ecologista Hans-Christian Ströbele, representante do bairro.

"Se eu fosse [o Presidente norte-americano, Barack] Obama, diria a [Klaus] Wowereit [o presidente da câmara de Berlim]: 'Preserve o Muro tal como ele está'" hoje, lançou à multidão o DJ Dr. Motte, figura lendária das noites berlinenses e fundador, após a queda do Muro, do grande evento tecno Loveparade.

Entre a multidão, algumas pessoas explicavam a importância deste museu a céu aberto para recordar às novas gerações a divisão da Alemanha e da Europa após a Segunda Guerra Mundial.

Uma petição na internet já reuniu mais de 55 mil assinaturas, ao passo que vários jornais locais publicaram, nas respetivas capas, fotografias da abertura do Muro, em 1989, e da destruição dos vestígios nos últimos dias.

A Associação das Vítimas da Ditadura na RDA recordou, por seu lado, que "várias pessoas" tinham morrido ao tentar passar para o Ocidente naquele local e convidou a câmara municipal de Berlim a rever os seus projetos urbanísticos.

A destruição parcial da East Side Gallery visa abrir um acesso direto a um arranha-céus para habitação de luxo de 63 metros de altura, que deverá em breve erguer-se nas margens do Spree, o rio que atravessa Berlim e que marcou a fronteira entre Berlim Ocidental e Berlim Oriental.

A cidade quer, além disso, assegurar o acesso a uma ponte de peões e ciclistas, que irá ligar as duas margens do rio até 2015, estando mesmo prevista uma segunda ponte.

Os trabalhos de limpeza que antecedem o início da construção do projeto imobiliário deverão prosseguir na segunda-feira, afirmou o promotor, Maik Uwe Hinkel.

A East Side Gallery, ao longo de uma avenida descampada por onde circulam camiões, tem alinhadas placas de betão de 3,6 metros de altura ornamentadas com frescos e tornou-se uma das maiores atrações turísticas da capital alemã, com cerca de 1,5 milhões de visitantes por ano.

Atualmente, já não resta grande coisa do Muro: apenas três dos 155 quilómetros que cercavam Berlim ocidental.

Entre as pinturas mais conhecidas da East Side Gallery, estão o "Beijo Fraternal" dos dirigentes soviético Leonid Brejnev e alemão-oriental Erich Honecker, e as cabeças multicolores do artista francês Thierry Noir.

Segundo alguns berlinenses, a capital, muito endividada, está a liquidar os seus últimos terrenos, vendendo-os a empresas imobiliárias ávidas de lucro, mas a câmara argumenta que a parcela de terreno onde será construído o novo imóvel de luxo foi vendida no início dos anos 1990.









Jn
 
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