Aumento de capital do Banif terá de ser a preço de saldo para atrair investidores

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Aumento de capital do Banif terá de ser a preço de saldo para atrair investidores

O aumento de capital do Banif terá de ser feito a um valor baixo por acção para que tenha investidores interessados, defendem os analistas ouvidos pela Lusa, que consideram que este é um processo ainda com muitas incertezas.Depois da injecção de mais de mil milhões de euros pelo Estado, de acordo com o plano acordado com as Finanças e o Banco de Portugal, o Banif deverá realizar até final de Junho um aumento de capital destinado a accionistas privados de, pelo menos, 450 milhões de euros para que o Estado deixe de ter o controlo da instituição.
"Para ser um aumento de capital bem-sucedido, para captar clientes, terá de ter um preço muito atractivo", disse à agência Lusa Pedro Lino, presidente executivo da corretora Dif Broker.
Também José Novo, operador de mercado da Orey Financial, defende que um preço baixo é indispensável para atrair capital privado: "Os investidores estarão atentos às pechinchas porque poderão ter mais-valias", considerou, apontando que sobretudo angolanos podem estar de olho na instituição fundada por Horácio Roque.
Uma opinião ainda partilhada por Luís Correia Tavares, gestor de carteiras da Dif Broker, que tem dúvidas, no entanto, sobre a viabilidade do banco.
Para já, disse Luís Tavares, será difícil conseguir 450 milhões de euros de investidores privados. "Se o conseguirem, talvez o banco reúna as condições para se manter, mas o único futuro desse banco é ser vendido", acrescentou o analista, que antecipa o investimento na instituição de angolanos ou chineses, que usarão a instituição portuguesa como porta de entrada para o resto da Europa.
O aumento de capital do Banif, realizado por privados, prevê que sejam subscritos 450 milhões de euros. No entanto, para já, apenas existe acordo para uma tomada firme de acções do BES de 50 milhões de euros e um compromisso de subscrição de 100 milhões de euros pelos dois accionistas de referência, a Rentipar Financeira ('holding' detida pelas filhas do fundador do banco, Horácio Roque, que detém 54% do Banif) e o grupo Auto-Industrial (13%).
Ainda não é conhecido como será feita a repartição destes 100 milhões, embora fonte ligada ao processo tenha dito à Lusa que a Rentipar deve subscrever mais de metade.
Os 150 milhões de euros garantidos no aumento de capital são precisamente o valor que o Banif terá de pagar ao Estado em Junho, na primeira tranche de reembolso das 'CoCo' bonds (instrumentos de dívida convertíveis em acções que o Estado irá subscrever no banco), pelas quais a instituição financeira irá pagar um juro inicial de 9,5% (acima dos 8,5% iniciais cobrados ao BCP e BPI).
Quanto à decisão do Estado de injectar 1.100 milhões de euros no Banif, Luís Tavares considera que as autoridades públicas conseguiram ao mesmo tempo "evitar o pânico" e uma "corrida aos depósitos", que aconteceria caso deixassem falir a instituição, e ainda obter um negócio que para já não prejudica os cofres públicos.
"Estes mil milhões foram mais baratos do que se o Estado deixasse cair o banco e tivesse de assegurar os depósitos", afirmou, acrescentando ainda que o Banif paga uma remuneração superior pelas 'CoCo' bonds do que o juro pago por Portugal pela linha da 'troika' (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) para o sector financeiro.
Em relação à dimensão do montante a injectar pelo Estado, os analistas contactados concordam que este poderia ter sido mais baixo, mas que as autoridades públicas terão pretendido prevenir perdas que possam surgir, decorrentes nomeadamente de imparidades para crédito malparado.
"A injecção de capital vem assegurar a solvência do Banif. Podiam ser 800 ou 900 milhões de euros, os 1.100 milhões servem para salvaguardar futuras perdas que o banco possa registar", sustentou José Novo, da Orey Financial.
Semelhanças entre o caso BPN e o do Banif também são afastadas, em uníssono, pelos analistas que acompanham a área de banca, salientando que no banco nacionalizado em 2008 houve gestão fraudulenta e irregularidades, o que não se passará no Banif.

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