Bitcoin: Bem-vindo ao Matrix

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Bem-vindo ao Matrix

Chamam-lhe 'ouro virtual' e já foi usada para comprar armas e drogas. A bitcoin foi criada por uma comunidade de ciberpunks anónimos, mas há cada vez mais lojas online e autoridades a aceitar esta forma de pagamento.
Não é emitida por um banco central, não tem notas que possam ser levantadas num multibanco, nem está associada a reservas num cofre forte. A bitcoin é uma moeda virtual, que só existe na internet. Mas pode ser trocada por dólares, euros ou outras moedas, e já foi utilizada em transacções reais de armas e de drogas. Agora, está a entrar no mainstream. Há cada vez mais lojas e autoridades a aceitá-la como meio legítimo de pagamento, e tem tanta procura que já há quem lhe chame ‘ouro virtual’.
A bitcoin é o que se designa de criptomoeda – uma divisa digital com códigos encriptados, que funciona sem ser regulada por uma autoridade central. Para o utilizador comum, é uma aplicação no computador ou no smartphone, que serve como ‘porta-moedas’ na internet. E, como em qualquer mercado monetário, o câmbio da bitcoin depende da oferta e da procura: quem tem parte das 12 milhões de bitcoins em circulação aceita vender a um determinado preço e isso determina a tendência do mercado.
Não se conhece ao certo o motivo da sua criação, em 2009. A génese é atribuída a um programador com o pseudónimo Satoshi Nakamoto, e o sistema de transacções é gerido em rede por uma comunidade de ciberpunks anónimos. Foi este grupo de libertários com conhecimentos de programação que primeiro começou a utilizar a moeda virtual. Para ‘devoradores’ do filme Matrix e sequelas, utilizar bitcoins tornou-se uma afirmação.
O interesse no conceito cresceu à boleia de actividades ilícitas na internet. Para empresas e jogadores de póquer online, por exemplo, é atractivo utilizar bitcoins como método de pagamento das fichas, para escapar ao radar das autoridades.
E quem diz póquer diz drogas e armas. O site Silk Road, encerrado pelas autoridades norte-americanas em Outubro, permitia que os utilizadores comprassem estes produtos ilegais através de bitcoins. “Era o maior mercado de contrabando e de drogas ilegais na internet”, resumiu Jennifer Shasky Calvery, directora do FinCEN – um organismo de combate a crimes financeiros do Departamento do Tesouro dos EUA.
Mas nem este caso interrompeu o caminho de sucesso da nova moeda, pelo contrário. Foram as próprias autoridades a validar a sua utilização. Depois do fecho do Silk Road, o Senado norte-americano fez audições para conhecer os riscos do sistema. E quer o Departamento de Justiça quer a Procuradoria-Geral dos EUA consideraram que a bitcoin é uma forma de pagamento “legítima”, apesar da polémica.
A legitimação das autoridades aumentou ainda mais o frenesim à volta da moeda. Muitos especuladores financeiros já haviam aderido à bitcoin apenas para beneficiar da valorização astronómica da divisa, mas há agora cada vez mais lojas a aceitar esta forma de pagamento, desde restaurantes a escritórios de advogados.
Para os consumidores, é uma forma simples e anónima de fazer transacções. Para as empresas, permite taxas mais baixas do que as dos cartões de crédito. Recentemente, o dono da Virgin, Richard Branson, anunciou que a Virgin Galactic passaria a aceitar a moeda como forma de pagamento das viagens à Lua, e admitiu que já tinha comprado bitcoins.
Até onde pode ir o novo sistema? As reticências dos consumidores são um potencial entrave e a cotação da moeda é uma incógnita. Como não há um banco central a controlar a quantidade de moeda em circulação, pequenas transacções podem causar grandes – e súbitas – oscilações da cotação. Tal como em muitas corridas ao ouro, há quem tema que esteja em curso uma bolha especulativa nos preços, que poderá rebentar a qualquer momento. As bitcoin são moedas virtuais, mas a perda de dinheiro pode tornar-se real.

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