Camionista sofre acidente e fica com perna amputada por carpinteiro que fingiu ser médico

Lordelo

Avensat
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Um motorista de camião de 36 anos que ficou preso nas ferragens do seu veículo num acidente na Via Dutra, estrada que liga as cidades brasileiras de São Paulo e Rio de Janeiro, teve uma das pernas desnecessariamente amputada pelo chefe da equipa médica que o atendeu no local e que, soube-se depois, não é médico e usava uma identidade falsa. Gerson Lavísio, de 32 anos, que tinha sido contratado como médico intensivista pela empresa concessionária da estrada mais movimentada do Brasil para atender vítimas de acidentes na Via Dutra, na verdade é ajudante de carpinteiro e usava o nome e o título profissional de um médico já falecido.


O acidente aconteceu no passado domingo, 13 de Março, perto da cidade de Lavrinhas, a 230 km de São Paulo, e envolveu um choque em cadeia de três camiões. Ao chegar para atender os feridos e ver o motorista de um dos pesados preso dentro da cabine destroçada, Gerson, no seu papel de suposto médico especializado em resgate e sobrevivência de vítimas graves, diagnosticou a necessidade da amputação da perna do ferido.




Outros profissionais de saúde que estavam no local discordaram da decisão de Gerson, avaliaram que o motorista ferido poderia ser tirado das ferragens sem a amputação da perna, mas o falso médico insistiu e ninguém teve coragem de evitar a amputação, até porque o suposto especialista era o chefe da equipa de socorristas. A amputação da perna do camionista aconteceu ali mesmo, no meio da estrada, e a técnica usada por Gerson Lavísio foi tão rudimentar que outros socorristas decidiram alertar a polícia de que algo poderia estar errado.


Segunda e terça-feiras, agentes investigaram o suposto médico e descobriram que, na verdade, ele usava um diploma falso de conclusão do curso de Medicina e o título de um profissional já morto. Foi com o diploma falso que Gerson solicitou à Ordem dos Médicos de São Paulo a sua inscrição como médico e, enquanto a autorização não foi dada, conseguiu ser contratado pela concessionária da Via Dutra como médico usando apenas o protocolo do pedido de inscrição na Ordem.




Além do drama do motorista de camião, que perdeu uma perna e teve a sua vida totalmente alterada desnecessariamente, a sucessão de erros e omissões de órgãos e empresas deixou estarrecidos quantos tomaram conhecimento do crime. A Ordem dos Médicos não fiscalizou a legitimidade do diploma apresentado pelo ajudante de carpinteiro, e a concessionária da maior estrada brasileira contratou-o sem qualquer teste de capacidade ou outro comprovante a não ser um simples protocolo de pedido de inscrição no órgão da classe.

Com os vários crimes de Gerson já comprovados, a polícia foi à casa onde ele estava, em Pindamonhangaba, cidade da mesma região do acidente, e prendeu-o. Mas, por mais espantoso e revoltante que pareça, ao ser presente a um juiz horas depois, o ajudante de carpinteiro foi libertado e autorizado a aguardar o processo em liberdade, por o magistrado ter avaliado que o crime dele foi de baixo poder ofensivo, não obstante ter destruído a vida do camionista e, sabe-se lá, de quantas mais pessoas que atendeu.


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