Cinco anos depois, qualquer pessoa pode comprar um endereço .pt

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Cinco anos depois, qualquer pessoa pode comprar um endereço .pt

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A liberalização, anunciada em Fevereiro, faz com que deixe de ser necessário ter uma marca, uma empresa ou um nome profissional para poder ter um domínio de Internet em .pt, o domínio de topo correspondente a Portugal (todos os países têm um).

O registo de endereços em .pt, porém, mantém algumas das restrições antigas e continua com regras mais apertadas do que os registos em .com ou .net, dois dos mais populares e onde quase tudo é válido.

Uma das proibições no registo de domínios são as “palavras ou expressões contrárias à lei, à ordem pública ou bons costumes”. Também não são permitidos “nomes que induzam em erro ou confusão sobre a sua titularidade, nomeadamente por coincidirem com marcas notórias ou de prestígio pertencentes a outrem”.

Já o registo de endereços com palavras de âmbito geográfico – o nome de uma cidade, por exemplo – está limitado a entidades competentes, como câmaras municipais. E há também termos relacionados com nomenclaturas da Internet que não são permitidos.

A liberalização é um objectivo antigo da entidade que gere o domínio .pt, a Fundação para a Computação Científica Nacional (FCCN). A medida chegou a estar anunciada para 1 de Maio de 2007, ao abrigo do programa Simplex – mas foi sendo sucessivamente adiada e só a mudança de Governo acabou por abrir caminho à adopção das novas regras.

O presidente da FCCN, Pedro Veiga, afirmou na apresentação da liberalização ter esperança que a abertura do registo leve a um aumento de pessoas e entidades que optam por ter um endereço em .pt. Se o volume de registos crescer pelo menos 25%, as receitas poderão mesmo permitir à FCCN baixar os preços. Actualmente, o .pt custa 22 euros por ano, ou 65 euros por um registo de cinco anos (o que se traduz em 13 euros anuais – o preço dos .com ronda os nove euros).

A medida abre ainda portas ao nascimento de um mercado secundário, para revenda de domínios em .pt. No caso do .com, há domínios que são revendidos sucessivamente, acabando por atingir preços de milhões de euros. Por exemplo, o sex.com chegou aos 10,5 milhões de euros e o diamonds.com, aos 5,7 milhões.

Pedro Veiga, porém, observou que a liberalização é tardia, uma vez que muitas pessoas já optaram por domínios que não o português.

Na base do adiamento desde 2007 esteve a oposição do então ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago. O ministério argumentava que as empresas poderiam ver registados domínios semelhantes às respectivas designações e marcas, o que levaria a litígios. Embora a FCCN não esteja sob tutela directa do Governo, havia organismos na dependência daquele ministério que tinham assento no conselho geral da fundação.

Antes que a liberalização avançasse, o ministério exigiu que a FCCN recolhesse pareceres das principais associações empresariais. Na sequência da análise dos pareceres, o ministério enviou à FCCN, em 2008, uma orientação contra a liberalização. Dois anos mais tarde, com o processo de liberalização estagnado, o conselho geral da FCCN acabou por decidir apertar ainda mais as regras, limitando os tipos de marcas que davam direito ao registo de um domínio.

Em Fevereiro deste ano, altura em que apresentou dados, a FCCN contava 382.499 registos efectuados, dos quais “menos de 200 mil” estavam a ser usados (a contribuir para isto está o facto de as empresas criadas ao abrigo do serviço Empresa na Hora receberam automaticamente um domínio .pt, embora muitas não o cheguem a usar).

Os registos podem ser feitos em DNS.pt, um site gerido pela FCCN, ou em empresas especializadas, chamadas agentes de registo. De acordo com números do DNS.pt, na semana passada foram feitos 1986 registos.
 
Em oito horas, foram registados 18.500 endereços em .pt

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A Internet portuguesa cresceu quase 5%, com a entrada de 18.500 endereços no domínio de topo .pt, durante as primeiras oito horas de liberalização.



Aquando do anúncio da liberalização, Pedro Veiga, presidente da Fundação para a Computação Científica Nacional FCCN), previu uma corrida aos endereços terminados em .pt. Os números confirmam essa mesma corrida: em março e abril, os dois meses do período de sunrise, que dava às empresas que operam em Portugal a possibilidade de registarem endereços relacionados com as marcas que detêm, foram registados 17.513 endereços; nas primeiras oito horas de 1 de maio, o primeiro dia do registo de endereços totalmente liberalizado, mais de 18.500 endereços foram registados em .pt.

Depois de um período de desativação iniciado às 18h00 de 30 de abril, a liberalização arrancou às 9h00 de hoje. Na primeira hora, foram registados mais de 6000 endereços. «Verificámos que a plataforma sofreu um abrandamento pouco depois do início da liberalização de endereços, mas não houve nenhum crash do sistema. Procedemos atempadamente a um reforço da plataforma para precaver qualquer problema durante o registo de endereços», explicou Pedro Veiga, quando inquirido pela Exame Informática.

O presidente da fundação que gere e supervisiona o registo de endereços de Internet em Portugal acrescentou ainda que grande parte dos novos endereços resultou dos registos prévios de registrars - as entidades especializadas no registo de endereços e alojamento de sites que procederam ao registo de forma automática através do protocolo EPP.

Pedro Veiga admite que alguns dos novos endereços sejam abusivos por desrespeitarem as restrições que limitam o uso de nomes de cidades, por serem parecidos com outros já existentes, ou apenas por serem ofensivos. «A nossa equipa verificou que houve alguns endereços registados que, aparentemente, não respeitam estas restrições, mas para evitar sobrecarregar o sistema neste primeiro dia de maior afluxo, só amanhã vamos analisar esses casos e recusar aqueles que justifiquem ser recusados», refere Pedro Veiga.

O responsável da FCCN lembra ainda que os responsáveis pelos registos recusados podem recorrer aos centros de arbitragem de conflitos Arbitrare, caso considerem que as recusas são injustificadas. A estes casos de potencial conflito poderão juntar-se outros desencadeados posteriormente, por empresas ou organizações que considerem que algum dos novos endereços fere os seus interesses comerciais. Também nestes casos, os queixosos deverão recorrer aos centros Arbitrare, recomenda Pedro Veiga.

A Internet está a crescer

A liberalização do domínio .pt arrancou com preços de 22 euros/ano para cada endereço. Quem optou pela modalidade de cinco anos teve de desembolsar 65 euros.

Antes do período de sunrise, iniciado em março, havia 382 mil endereços registados em .pt. A FCCN estima que, nessa altura, apenas 200 mil desses endereços estavam ativos.

Durante os dois meses de sunrise foram registados 17.513 endereços. Se a este número se juntarem os 18.500 das primeiras oito horas de liberalização, verifica-se que, em dois meses e oito horas, a “Internet portuguesa” cresceu 9,4% face ao total de endereços registados (382 mil). Estes mesmos números permitem ainda concluir que, nas primeiras oito horas de liberalização, o domínio .pt teve um crescimento de 4,8% face ao total de endereços que se encontravam registados anteriormente.

O processo de liberalização do registo de endereços em .pt teve início em 2001, conhecendo desde esse ano avanços e recuos. Em 2007, a medida chegou a constar no programa Simplex, mas nunca chegou a avançar - até ao dia de hoje.
 
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