Como enganar o cérebro para conseguir melhores hábitos alimentares

Lordelo

Avensat
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Estar consciente da refeição que vamos fazer é algo que o jornal aponta como fundamental para iniciar uma mudança de hábitos alimentares.






Charles Spence é professor de psicologia experimental na Universidade de Oxford, Inglaterra, e dedica-se à pesquisa de fatores que influenciam o que escolhemos comer e o que pensamos sobre essa experiência. O seu estudo destaca até que ponto essas escolhas são moldadas pelas maneiras como nos envolvemos com a nossa comida.


O sabor das refeições, o cheiro, a forma como comemos e até a música que ouvimos desempenham um papel na alimentação. São várias as técnicas que poderão ajudar a 'enganar' o cérebro para tomar decisões mais saudáveis.


Use talheres mais pesados ou (melhor ainda) sem talheres


Servir refeições num prato menor poderá ajudar a controlar a quantidade de comida que ingerimos, porque o cérebro acredita que há mais comida do que realmente há, o que tem um efeito profundo na saciedade. Contudo, o cérebro também pode ser enganado pelas ferramentas que usamos: talheres mais pesados aumentam a nossa apreciação, assim como comer com as mãos, que envolve os nossos sentidos e nos torna mais atentos.


Torne a alimentação a experiência mais sensorial possível


"Qualquer coisa que possa fazer para prestar mais atenção e comer mais devagar, para estar mais atento no momento, provavelmente aumentará as sensações associadas à alimentação e significará que você está satisfeito com menos", explica Spence. Isso não apenas afetará a saciedade, mas também poderá ajudar a fazer escolhas mais saudáveis e aproveitar mais essas escolhas. Caso aprecie a refeição assim, não se sentirá tentado a comer tanto.


Cozinhe e coma com os olhos


Como o 'gourmand' romano Apicius notou – e os psicólogos alimentares provaram desde então – nós comemos primeiro com os olhos e isso dita muito da nossa experiência. Ao moldar as nossas expetativas, a aparência dos alimentos demonstrou influenciar o que provamos. Assim, uma salada grande e bonita com uma variedade de folhas, cores e texturas não parecerá apenas melhor do que apenas espinafres, saberá melhor também.


Segundo Spence também comemos com os olhos quando se trata de alimentos pré-fabricados, principalmente quando é algo assimétrico, ou sem aparência uniforme. Há alimentos que parece que comê-los virados para um determinado lado maximiza a nossa experiência sensorial.


Coloque o máximo na primeira garfada


Há uma razão pela qual a primeira dentada de uma barra de chocolate tem um sabor melhor do que as seguintes: a primeira é novidade, depois as papilas gustativas habitua-se. "Mesmo quando o sabor de cada dentada ou gole é ligeiramente diferente, se parecer o mesmo, o nosso cérebro tende a assumir que o sabor também permanece o mesmo”, esclareceu Spence. Podemos usar essa reação a nosso favor e reduzir a quantidade de alimentos não saudáveis que consumimos, colocando o máximo possível na primeira garfada.


Escolha a música com cuidado e diminua o volume


"Muita literatura sobre marketing sensorial mostra que se pode mudar as escolhas alimentares das pessoas com música", revelou o professor, argumentando que as pessoas vão beber cerca de 30% a mais se a música for rápida e alta. Há evidências que sugerem que ruídos altos desencadeiam comportamentos alimentares menos saudáveis e que o género também importa: ouvir jazz e música clássica aumenta as preferências por comidas saudáveis, mais do que o rock americano que leva ao hambúrguer e batatas fritas, algo a ter em mente enquanto se faz compras.


Torne as refeições compartilhadas tão envolventes e memoráveis quanto possível


É verdade que tendemos a comer mais na companhia de outras pessoas. Porém existem maneiras de melhorar a experiência sensorial de uma refeição comunitária, uma delas é envolver as pessoas no processo: dar oportunidade a que se possam servir, assim as pessoas "sentem-se donas do que estão a comer", divulgou Spence.

IN:NM
 
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