Em dezembro, durante uma entrevista em direto num dos canais de televisão privados mais importantes do país, o TOLOnews, Ismail Mashal rasgou os diplomas que obteve ao longo da carreira para defender o direito das mulheres ao ensino superior.
Apesar das promessas de flexibilização, os talibãs, que reconquistaram o Afeganistão em agosto de 2021, retomaram então a interpretação ultra rígida do Islão que marcou a primeira passagem pelo poder (1996-2001) e têm vindo a multiplicar as medidas destinadas a expulsar as mulheres do espaço público.
Nos últimos dias, vários canais de televisão locais mostraram Mashal, que também deixou três universidades particulares em Cabul, a empurrar pelas ruas da capital uma espécie de carrinho de supermercado cheio de livros, que os ia oferecendo a transeuntes.
"[Mashal] foi impiedosamente espancado e levado de uma maneira muito desrespeitosa por membros do Emirado Islâmico", nome oficial do regime talibã, denunciou o assistente, Farid Ahmad Fazli, à agência noticiosa France-Presse (AFP).
O diretor do Ministério da Informação e Cultura afegão, Abdul Haq Hammad, confirmou a prisão.
"O professor Mashal tem vindo a realizar atos provocatórios contra o sistema há algum tempo. Os serviços de segurança levaram-no para interrogatório no quadro de uma investigação", escreveu hoje Haq Hammad na rede social Twitter.
O professor foi preso quinta-feira sem "ter cometido nenhum crime", disse Fazli, sublinhando que Mashal ofereceu os livros a "irmãs [mulheres] e homens" e que o professor está detido num local desconhecido.
As imagens de Mashal a mostrar-se irritado em direto na televisão e a rasgar os diplomas académicos rapidamente se tornaram virais nas redes sociais.
Na sociedade profundamente conservadora e patriarcal do Afeganistão, é raro, refere a AFP, ver um homem a protestar contra a privação dos direitos das mulheres.
Mashal tem afirmado frequentemente que continuará a campanha pelos direitos das mulheres.
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"[Mashal] foi impiedosamente espancado e levado de uma maneira muito desrespeitosa por membros do Emirado Islâmico", nome oficial do regime talibã, denunciou o assistente, Farid Ahmad Fazli, à agência noticiosa France-Presse (AFP).
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