Empresas de transporte descaracterizado à venda no Olx

Lordelo

Avensat
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Alguns motoristas que prestam serviço para plataformas eletrónicas abandonam profissão.

O confinamento, decretado pelo Governo no combate à pandemia da covid-19, foi uma machadada no transporte individual de passageiros em veículo descaracterizado (TVDE). As perdas de faturação são semelhantes ao setor do táxi e já estão empresas (que prestam serviço para as plataformas eletrónicas) à venda no Olx.


Incapazes de manter o negócio à tona, há empresários da Grande Lisboa, do Grande Porto, de Esmoriz e do Algarve a propor a alienação das firmas, licenciadas pelo Instituto da Mobilidade e Transportes e com cadastro ativo para trabalhar para várias plataformas eletrónicas, como a Uber, a Bolt e a Free Now. A maioria também está a alienar as viaturas. Os valores, anunciados no Olx, vão desde os cinco mil aos 21 mil euros.

O presidente da Associação TVDE, Hélder Inocêncio, retrata uma redução do número de motoristas e de empresas na rua desde o confinamento. Os rendimentos atuais são muito baixos e os empresários "não conseguem aguentar. Passámos de uma faturação diária de cem a 150 euros por turno de trabalho para 40 euros por dia. A maioria das empresas não tem rede de apoio. Há um grande número de empresas que nem sequer consegue candidatar-se à ajuda, anunciada pelo Governo, para os sócios-gerentes. Esse apoio não se enquadra na realidade dos TVDE", denuncia Hélder Inocêncio, alertando que, além da venda de empresas, há veículos apreendidos por falta de pagamento das prestações.

Sem trabalho para todos

O confinamento é o culpado, frisa ainda. Isto porque, de janeiro a maio, 70% dos clientes dos TVDE são portugueses e 30% estrangeiros. Essa percentagem só se inverte a partir de junho. A redução de procura também penaliza os motoristas.





Grande parte trabalha em regime de prestação de serviços e muitos ficaram sem sustento. "Há motoristas que já abandonaram o setor. Com a baixa de rendimentos da população e o turismo reduzido a zero, não há trabalho para todos", adverte António Fernandes, do Sindicato de Motoristas de TVDE. Há 25.739 condutores certificados para TVDE. Também há casos de motoristas em lay-off. "A recuperação será muito difícil e alguns motoristas deram o feedback de que não voltarão."

IN:JN
 
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