Lordelo
Avensat
Kevin Strickland foi condenado a prisão perpétua, em 1979, no Missouri, EUA, por um triplo homicídio que nunca cometeu. Mais de 42 anos depois, foi agora considerado inocente e libertado.
O caso está a ser noticiado por vários meios de comunicação social norte-americanos. De acordo com os mesmos, Kevin tinha apenas 18 anos quando foi condenado, em junho de 1979. É “a mais longa prisão injusta da história do estado do Missouri” e “a sétima mais longa dos EUA”.
Esta quarta-feira, após 15.487 dias em reclusão, o tribunal decretou a libertação imediata de Kevin Strickland.
Os advogados do projeto Midwest Innocence, que trabalharam durante meses para ajudar a libertar o norte-americano, revelaram estar “em êxtase” com a notícia, apesar de nada lhe devolver os 42 anos que esteve preso e de “o Estado não lhe pagar nem um dólar pelo tempo que lhe roubou”.
Recorde-se que o Missouri só indemniza os reclusos inocentados por provas de ADN, o que não é o caso.
Kevin Strickland foi condenado a prisão perpétua, sem possibilidade de liberdade condicional, depois de ser considerado culpado de um massacre em Kansas City, a 25 de abril de 1978, onde três jovens, com idades compreendidas entre os 20 e os 22 anos, foram mortos por quatro homens.
Uma quarta vítima, de 20 anos, conseguiu escapar, depois de se fingir morta. Sabe-se agora que, devido a alegada pressão da polícia, a jovem apontou Kevin, no meio de outros suspeitos, como sendo um dos atacantes.
Já o afro-americano sempre disse estar inocente e que tinha estado toda a noite a ver televisão, em casa. Nunca foram apresentadas evidências da sua presença física no local e um dos homicidas chegou mesmo a afirmar que Kevin não tinha participado no crime.
Conta a imprensa norte-americana que, o primeiro julgamento de Kevin foi suspenso depois de um jurado negro ter pedido a sua absolvição. O segundo julgamento, com um júri constituído apenas por elementos brancos, deu o então jovem como culpado, acusando-o de triplo homicídio.
Anos mais tarde, a jovem que sobreviveu ao massacre e que era a única testemunha ocular do caso relatou o seu testemunho. “As coisas não estavam claras na altura, mas agora eu sei que ele é inocente e gostaria de o ajudar”, revelou a dado momento, aos advogados do processo Midwest Innocence.
Contudo, esta acabou por morrer antes de formalizar, em tribunal, a alteração do seu testemunho. Apesar disso, tanto a mãe, como a irmã e a filha afirmaram agora em tribunal que, por várias vezes, esta tinha admitido o erro.
À saída do tribunal, Kevin revelou que antes de tudo quer fazer duas coisas: visitar a campa da mãe, com quem quase não teve tempo de conviver devido ao encarceramento, e ver o mar, algo que nunca teve oportunidade de fazer.
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