Lordelo
Avensat
Duas irmãs gémeas de 19 anos, que nasceram com o sexo biológico masculino, submeteram-se, esta semana, a uma cirurgia de redesignação sexual, tornando-se as pessoas mais jovens a submeterem-se a este tipo de operações no Brasil.
Em entrevista dada à Globo, Mayla e Sofia, que foram operadas esta semana numa clínica privada de Blumenau, em Santa Catarina, revelaram que valeu a pena “a longa e angustiante” espera, mas que antes de conseguirem a autorização, passaram por momentos muito duros.
Mayla, que é estudante de medicina numa faculdade de Buenos Aires, na Argentina, começou por contar que aos 3 anos já desejava ser uma menina.“Uma das lembranças mais antigas que tenho é de estar a soprar uma flor dente-de-leão e pedir a Deus para ser uma menina. Acredito em Deus, se não fosse por Ele eu não teria chegado aqui”, disse, acrescentando que agora sente “um alívio tão grande”.
“Nós já passamos por tanta coisa, tanto preconceito e rejeição, mas também tivemos muita solidariedade dentro da nossa família. E hoje, finalmente, posso ser quem eu sempre fui, sem esconder nada, com todo o mundo a ver”, explicou.
O mesmo aconteceu com Sofia, que estuda engenharia numa universidade de Franca, no interior de São Paulo. À Globo, a jovem contou que todos sabiam que ela se sentia do sexo feminino desde “muito pequena”. “Os meus pais descobriram quanto eu tinha 10 anos. Conversaram comigo… a minha mãe chorou, mas não foi de vergonha, foi com medo da sociedade”, esclareceu.
E durante muito tempo, o pesadelo da mãe tornou-se realidade. As gémeas garantem que sofreram de bullying, preconceito e até ameaças de morte por não se identificarem com o sexo biológico. Contudo, resistiram sempre e, aos 15 anos, já faziam tratamento hormonal. Pouco tempo depois, entraram com uma ação na justiça para mudarem os nomes.
A operação seria o passo seguinte, ao atingir a maioridade.
Mayla foi operada no dia 10 de fevereiro e Sofia no dia seguinte. Ambas já tiveram alta e estão a recuperar bem da cirurgia.
Com a realização deste procedimento cirúrgico, as gémeas passaram a ser as pessoas mais jovens do Brasil a fazer a mudança de sexo desde que, em 2000, o Conselho Federal de Medicina diminuiu a idade mínima de 21 para 18 anos.
As cirurgias foram lideradas pelos médicos José Carlos Martins Junior e Cláudio Eduardo
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