Gaspar pediu mais tempo. E o que ganhamos com isso?

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Portugal e Irlanda vão ter mais tempo para pagar parte do empréstimo concedido pelos parceiros europeus, tal como tinha sido acordado para a Grécia. Isto não significa um perdão da dívida, mas sim uma extensão do prazo para a amortizar. Se os parceiros aceitarem esta opção, o impacto começa a sentir-se em 2015.
O que Vítor Gaspar pretende é que se ampliem as maturidades dos empréstimos concedidos pelo Fundo Europeu de Estabilidade (FEEF) que entrega 26 mil milhões a Portugal e hoje vai ainda tentar que o mesmo aconteça com o montante entregue pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade, outros 26 mil milhões. De fora fica o valor concedido pelo FMI a Portugal, os restantes 26 mil milhões que contribuem para o pacote de 78 mil milhões de euros – ainda sem os acertos monetários que poderão aumentar o cheque final para os 81 mil milhões.
O alargamento vai permitir a Portugal pagar mais lentamente, mas Medina Carreira sublinha que “isto não é um acordo de perdão”. Como referiu ao Dinheiro Vivo “ganhamos mais tempo para arrumar a casa”, mas isto pode não significar mais dinheiro para a economia, já que “o mesmo dinheiro vai sair mais tarde.”
Ou seja, como Gaspar referiu ontem, o País conseguirá evitar a concentração dos pagamentos previstos para 2014 a 2016 e depois 2021. Se for efectuada uma extensão como aconteceu para Atenas, os prazos podem passar para um limite de 30 anos. Actualmente, os empréstimos concedidos pela Comissão Europeia (52 mil milhões) têm uma maturidade média de 14,6 anos para o FEEF e de 12,4 anos para o MEE, prazos que poderão dobrar.

“É como no caso de uma família que deve 1000 euros à banca. Se os bancos atrasarem o prazo de pagamento, em vez de pagarem 1000 agora, pagar mais tarde, mas pagam exactamente o mesmo valor”, explicou Medina Carreira.
O economista Silva Lopes lembra que a diferença será mínima e que “não é por ganharmos mais tempo que vamos ter menos austeridade.”
As diferenças serão sentidas na execução orçamental e também no regresso de Portugal ao financiamento de mais longo prazo. “Como a situação fica mais aliviada, Portugal beneficia de maior confiança dos investidores e em vez de estarmos a viver apenas com o dinheiro da troika passamos a ter financiamento externo”, afirmou o economista.
Por seu lado, José Silva Lopes lembra que “se o prazo é alargado, mesmo que o juro se mantenha a percentagem anual a pagar diminui”. Este valor é “pequeno”, mas “permite-nos ter um défice ligeiramente maior [nestes períodos] e desta forma guardar dinheiro para a economia, mesmo que seja muito pouco”.
O economista acredita que “se houvesse um aumento do prazo para pagar e ao mesmo tempo uma suspensão dos juros era muito mais favorável porque aí sim a economia poderia receber maior financiamento.”






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