Greve dos trabalhadores da Misericórdia de Lisboa teve "adesão fortíssima"

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"Foi uma greve com a adesão possível, na medida em que, pela especificidade da intervenção da instituição da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, foi muito marcada pelos serviços mínimos e pelas imposições destes serviços mínimos, que criaram constrangimentos", começou por explicar Joel Canuto, dirigente sindical do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas (STFPSSRA).


Segundo referiu este dirigente sindical à agência Lusa, em muitos equipamentos passou a "haver um rácio do número de trabalhadores superior aos dias normais", considerando esta situação "inaceitável".

A greve às duas primeiras horas de cada turno, que começou esta segunda-feira e terminou hoje, teve, no entanto, uma "adesão fortíssima", por volta dos 70%, nas "respostas onde os serviços mínimos não se impuseram".

"Em setores como os transportes, logística, ou em muitos setores administrativos, que não estavam abrangidos por estes serviços mínimos, a adesão foi mais forte", frisou.

Joel Canuto realçou também que muitos trabalhadores, embora identificados com a necessidade de fazerem greve, não puderam aderir devido a "constrangimentos salariais".

Em reivindicação por aumentos salariais ou progressões na carreira e enquanto decorrem as negociações para a revisão do Acordo de Empresa (AE), foi marcado para a semana, dia 24 de fevereiro, um plenário para todos os trabalhadores da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa em frente ao departamento de jogos, entre as 10:00 e as 12:00, com o objetivo de "mais uma vez serem tornadas públicas as reivindicações" e "sensibilizar a administração", adiantou.

O dirigente sindical frisou que a revisão do AE tem que "operacionalizar direitos para os trabalhadores".

"E nós não estamos a verificar isso", destacou.

A questão central da luta dos trabalhadores é um aumento salarial de 100 euros, mas também a melhoria das condições de trabalho e o descongelamento das progressões.

"A instituição de não quer passar dos 52 euros [de aumento] e, portanto, considerando o peso da inflação, isto não representa um acréscimo do poder de compra, antes pelo contrário, é uma diminuição do poder de compra", alertou.

O sindicalista realçou também que "nunca os salários na instituição foram tão baixos" ou "tantos trabalhadores se viram forçados a terem um segundo emprego para conseguirem fazer face às suas despesas essenciais".

O congelamento da progressão na carreira faz com que "trabalhadores com dezenas de anos a trabalharem na Santa Casa recebam um pouco mais que o ordenado mínimo nacional", vincou.

"O objetivo principal é que os trabalhadores não empobreçam a trabalhar, que é isso que se tem verificado. (...) Estamos a assistir a uma regressão civilizacional e a larga maioria dos trabalhadores da Santa Casa está neste momento a ter uma segunda jornada, depois de fazerem as oito horas de trabalho na instituição. É inaceitável", concluiu Joel Canuto.

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