Homicida da Tocha, Cantanhede, volta ao tribunal por violência doméstica

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O arguido, condenado a 15 anos e seis meses de prisão por ser um dos autores do homicídio de um sucateiro da Tocha, em 2012, vai ser julgado no Tribunal de Coimbra na terça-feira, às 09:30, num processo em que é acusado de violência doméstica contra a na altura namorada, com quem viveu entre março e agosto de 2022.


Segundo a acusação a que a agência Lusa teve acesso, o homem mostrou-se "controlador, ciumento e possessivo" desde o início da relação, não permitindo que a ofendida saísse de casa sozinha e suspeitando de qualquer interação que esta pudesse ter com alguma figura masculina, inclusive do seu padrasto e dos seus irmãos.

Ao longo dos cerca de cinco meses em que viveram juntos, o arguido rasgou-lhe roupas que achava que chamariam a atenção dos homens, proibiu-a de falar com homens, e, regularmente, vangloriava-se junto da namorada de ter estado preso por homicídio, descrevendo-lhe o episódio que tinha acontecido há dez anos, na Tocha, em que liderou um grupo de quatro jovens que roubou, sequestrou e matou um idoso de 90 anos.

"Chegou-lhe também a dizer que consegue matar uma pessoa só com dois dedos e que aprendeu isso na cadeia", realça o Ministério Público, que aponta para vários momentos de violência doméstica no curto período da relação, tendo sido constantes os episódios de ciúmes e agressões físicas.

No final de abril, a namorada, o arguido e a sua mãe e padrasto foram pescar a uma lagoa na Tocha, com o acusado a ter decidido ir embora sozinho, sem permitir que a vítima fosse consigo.

Chegada a casa, a mulher, que na altura estava grávida, constatou que as roupas do arguido tinham desaparecido, tendo deixado uma carta de despedida, "onde dizia que estava farto de ser iludido e que ela podia ficar com o seu padrasto".

Dois dias depois, conta o Ministério Público, regressado à moradia, o homem terá acusado a namorada de ter um relacionamento amoroso com o seu padrasto.

Segundo a acusação, ameaçou a mulher com uma catana, disse que a matava, deitou-a de barriga para baixo e partiu-lhe o nariz e parte da cabeça.

A vítima terá tentado chamar a polícia, mas o arguido partiu-lhe o telemóvel e apertou-lhe o pescoço até a mulher perder os sentidos.

No início de maio, novamente numa ida à pesca com o padrasto e a sua mãe, o arguido voltou a mostrar ciúmes face ao companheiro da sua progenitora e apertou o pescoço à sua namorada.

A assistir, o padrasto terá tentado intervir, mas o arguido ter-lhe-á desferido um murro.

Em meados desse mês, a vítima sofreu um aborto espontâneo, ao que o arguido terá dito que "foi bom isso ter acontecido, pois ela não merecia ser mãe", lê-se na acusação.

De acordo com o Ministério Público, em junho, o arguido pegou num gato que era seu animal de estimação, colocou-o dentro de uma mala de viagem "e bateu-lhe até ficar quase morto".

Depois de o enterrar ainda com vida, terá dito à sua namorada que "lhe podia fazer o mesmo a ela", referiu o Ministério Público.

No final desse mês, a ofendida esteve com a sua mãe, na Figueira da Foz, tendo-lhe contado os episódios de violência que tinha sofrido.

A progenitora não queria deixar a filha sair de casa, mas esta acabou por sair, depois de o arguido a ter obrigado a voltar para a residência conjunta, referindo que, caso não voltasse, "a sua mãe iria sofrer".

A 02 de agosto, a vítima disse ao arguido que pretendia terminar a relação, tendo este ficado agressivo, afirmando que "ela só saía dali morta".

O arguido apontou-lhe uma faca à barriga e desferiu-lhe um golpe com uma catana no braço esquerdo.

A ofendida acabou por conseguir fugir para a rua e, posteriormente, foi acolhida na casa da sua mãe.

O homem responde por um crime de violência doméstica e outro de morte e maus-tratos de animal de companhia.

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