A Comissão Independente deu conta de mais de 500 testemunhos de abusos sexuais na Igreja Católica, e pelo menos 4.815 vítimas, segundo dados revelados esta segunda-feira, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Ainda que não seja possível quantificar o número de casos, uma vez que "a maioria das crianças foi abusada mais do que uma vez", o organismo terá recebido
“Não é possível iniciar sem prestar tributo, homenagem sincera, a todos aqueles que, tendo sido vítimas de abuso na sua infância, ousaram dar voz ao silêncio”, referiu Pedro Strecht, coordenador da Comissão Independente, sublinhando que as vítimas "são mais do que um número".
Este número é "calculado pelo mínimo", tendo os abusos decorrido entre os anos de 1950 e 2022. Na verdade, de acordo com o líder da Comissão, o pico de casos situou-se
"Os efeitos do trauma perduraram-se até agora. É uma ferida sempre aberta", leu Strecht, dando conta de alguns testemunhos das vítimas que, de forma geral, "se afastam da Igreja".
Segundo o responsável,
"Não basta um acompanhamento espiritual"
No geral, as vítimas têm, atualmente, 52 anos, ainda que cerca de 20,2% tenha 40 ou menos anos. De notar que a média de idade do início dos abusos foi de 11,2 anos, com particular incidência em Lisboa, Porto, Braga, Santarém e Leiria, designadas “verdadeiras zonas negras”, com “certos seminários ou instituições religiosas”.
Pelo menos
O responsável defendeu ainda que a idade de prescrição dos crimes deverá de ser aumentada para os 30 anos, apelando à Assembleia da República "que o pondere".
Para o psiquiatra Daniel Sampaio, "estas pessoas têm de ser tratadas do ponto de vista psiquiátrico", sublinhando que "existe um problema geral de abuso sexual", com 85% a 95% dos abusadores a serem do sexo masculino. "Não basta um acompanhamento espiritual", ressalvou.
Fazendo referência a mais de 200 estudos a nível mundial, o especialista apelou ao lançamento de um estudo aos abusos sexuais em Portugal, uma vez que "dados inquietantes" revelam que 18% das meninas e 8% dos meninos são abusados sexualmente, quer na Igreja ou num outro contexto.
Os casos de abusos sexuais revelados ao longo de 2022 abalaram a Igreja e a própria sociedade portuguesa, à imagem do que tinha ocorrido com iniciativas similares em outros países, com alegados casos de encobrimento pela hierarquia religiosa a motivarem pedidos de desculpa, num ano em que a Igreja se vê agora envolvida também em controvérsia, com a organização da Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa.
Também esta segunda-feira será conhecida a primeira reação da CEP, presidida pelo bispo de Leiria-Fátima, José Ornelas, sendo que já convocada uma assembleia plenária extraordinária da CEP para analisar o relatório, a 3 de março.
[Notícia atualizada às 11h36]
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Ainda que não seja possível quantificar o número de casos, uma vez que "a maioria das crianças foi abusada mais do que uma vez", o organismo terá recebido
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, num universo de 564 comunicações recebidas.“Não é possível iniciar sem prestar tributo, homenagem sincera, a todos aqueles que, tendo sido vítimas de abuso na sua infância, ousaram dar voz ao silêncio”, referiu Pedro Strecht, coordenador da Comissão Independente, sublinhando que as vítimas "são mais do que um número".
Este número é "calculado pelo mínimo", tendo os abusos decorrido entre os anos de 1950 e 2022. Na verdade, de acordo com o líder da Comissão, o pico de casos situou-se
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, com 25% destes reportados desde 1991."Os efeitos do trauma perduraram-se até agora. É uma ferida sempre aberta", leu Strecht, dando conta de alguns testemunhos das vítimas que, de forma geral, "se afastam da Igreja".
Segundo o responsável,
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, que abusavam uma maioria de vítimas do sexo masculino, ainda que haja, também, um número "importante" de vítimas do sexo feminino (52% e 47%, respetivamente)."Não basta um acompanhamento espiritual"
No geral, as vítimas têm, atualmente, 52 anos, ainda que cerca de 20,2% tenha 40 ou menos anos. De notar que a média de idade do início dos abusos foi de 11,2 anos, com particular incidência em Lisboa, Porto, Braga, Santarém e Leiria, designadas “verdadeiras zonas negras”, com “certos seminários ou instituições religiosas”.
Pelo menos
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, contendo uma lista com os nomes dos alegados abusadores, que foi, também, partilhada com a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). Isto porque, ressalvou Laborinho Lúcio, "a maioria já prescreveu". A lista com os abusadores no ativo será elaborada e enviada tanto ao MP, como à CEP, "até ao final do mês".O responsável defendeu ainda que a idade de prescrição dos crimes deverá de ser aumentada para os 30 anos, apelando à Assembleia da República "que o pondere".
Para o psiquiatra Daniel Sampaio, "estas pessoas têm de ser tratadas do ponto de vista psiquiátrico", sublinhando que "existe um problema geral de abuso sexual", com 85% a 95% dos abusadores a serem do sexo masculino. "Não basta um acompanhamento espiritual", ressalvou.
Fazendo referência a mais de 200 estudos a nível mundial, o especialista apelou ao lançamento de um estudo aos abusos sexuais em Portugal, uma vez que "dados inquietantes" revelam que 18% das meninas e 8% dos meninos são abusados sexualmente, quer na Igreja ou num outro contexto.
Os casos de abusos sexuais revelados ao longo de 2022 abalaram a Igreja e a própria sociedade portuguesa, à imagem do que tinha ocorrido com iniciativas similares em outros países, com alegados casos de encobrimento pela hierarquia religiosa a motivarem pedidos de desculpa, num ano em que a Igreja se vê agora envolvida também em controvérsia, com a organização da Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa.
Também esta segunda-feira será conhecida a primeira reação da CEP, presidida pelo bispo de Leiria-Fátima, José Ornelas, sendo que já convocada uma assembleia plenária extraordinária da CEP para analisar o relatório, a 3 de março.
[Notícia atualizada às 11h36]
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