As ruas da capital da Ucrânia estão mais silenciosas do que o habitual para uma sexta-feira. É dia 24 de fevereiro de 2023 e precisamente há um ano, durante a madrugada, começaram a soar as sirenes antiaéreas. Seguiu-se a artilharia.
Kyiv foi bombardeada, a artilharia russa desfigurou partes da cidade e as forças do Kremlin estiveram a poucos quilómetros de entrar na cidade, enquanto a cercavam ocupando as localidades na periferia.
A capital deveria ter caído em poucos dias, o país render-se-ia em poucas semanas e a história ficaria por aqui. Mas Kyiv resistiu, impediu o avanço dos tanques russos pelas ruas da cidade, repeliu-os de Irpin e Bucha e concentrou-se em expulsar os militares russos da região do Donbass.
A Este, há avanços e recuos de ambos os lados, enquanto cidades são reduzidas a escombros e a população sofre. Mas a capital está reforçada com sistemas antiaéreos modernos e os militares confundem-se hoje com o resto da paisagem.
Contudo, a cidade está deserta em algumas artérias. Há automóveis nas estradas, mas menos do que o habitual para uma sexta-feira, mesmo depois do início da guerra. Nas ruas, algumas pessoas caminham para o trabalho, vão fazer umas compras, a recolha do lixo realiza-se como habitualmente.
Mas os cafés, habitualmente movimentados, estão praticamente vazios. A cidade, envolta na melancolia de há um ano, apresenta-se como abandonada. A maioria dos estabelecimentos está aberta, mas ninguém entra.
"As pessoas estavam à espera de um bombardeamento, acho que ficaram em casa por causa disso", diz uma transeunte a caminho da Catedral de Santa Sofia de Kiev, no centro da cidade.
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, avisou há semanas que o Moscovo tinha algo pensado para 24 de fevereiro. Sem revelar o que estava planeado, as palavras de Lavrov deram azo à especulação de que Kiev poderia ser novamente bombardeada.
"Mas não há sirenes, nada, aqui brincámos que se as coisas vão acontecer, é melhor que aconteçam dentro do horário previsto. Acho que as pessoas ficaram em casa por isso mesmo, mas pela hora de almoço se continuar assim começam a sair", explica um cidadão que só tinha saído para passear o cão junto à sede dos Serviços de Segurança da Ucrânia. Neste quarteirão há mais barricadas do que o habitual.
O edifício é um dos pontos críticos da capital. Parar para observar o edifício faz com que os militares abordem qualquer um para umas perguntas. Se as forças da Federação Russa voltarem a tentar tomar a cidade, parte da artilharia será seguramente apontada aqui. Prova disso são os edifícios à volta, emparedados, com marcas da artilharia que os perfurou, ainda inacessíveis um ano depois.
São 12:00 e já pouco resta da timidez com que a cidade acordou para o dia em que se assinala um ano desde o início da invasão russa. Durante três horas, as ruas eram dos militares, da polícia e dos jornalistas, espalhados por todos os cantos da cidade. Mas agora a cidade volta a ser da população.
Há mais pessoas na rua, os transportes públicos já viajam praticamente cheios. Ouvem-se conversas, automóveis a buzinar, os tubos de escape dos velhos autocarros que circulam pela capital. Mas nada de sirenes. As ameaças de Moscovo, pelo menos até agora, não se cumpriram, nem com a ameaça no dia anterior, em que, aí sim, soaram as sirenes e ouviu-se uma explosão quando os sistemas antiaéreos derrubaram um 'drone' russo.
Kyiv volta à vida de despreocupação que induziria em erro quando se pensa num país que está em guerra, não fossem as barricadas feitas com sacos de serapilheira, a propaganda espalhada pela cidade e militares em cada canto.
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Contudo, a cidade está deserta em algumas artérias. Há automóveis nas estradas, mas menos do que o habitual para uma sexta-feira, mesmo depois do início da guerra. Nas ruas, algumas pessoas caminham para o trabalho, vão fazer umas compras, a recolha do lixo realiza-se como habitualmente.
Mas os cafés, habitualmente movimentados, estão praticamente vazios. A cidade, envolta na melancolia de há um ano, apresenta-se como abandonada. A maioria dos estabelecimentos está aberta, mas ninguém entra.
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