Líderes da África Oriental dão prazo para grupos se retirarem da RDCongo

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A reunião dos chefes de Estado da Comunidade da África Oriental (EAC, na sigla em inglês), constituída por sete países, decorreu nomeadamente na presença dos Presidentes da RDCongo, Félix Tshisekedi, e do Ruanda, Paul Kagame, em Addis Abeba, capital da Etiópia, na véspera da cimeira da União Africana.


Numa mensagem publicada na rede social Twitter, os líderes pediram a "retirada de todos os grupos armados", bem como o regresso dos deslocados pelo conflito às suas áreas de residência.

Em 04 de fevereiro, na anterior reunião dos chefes de Estado, a EAC havia pedido um "cessar-fogo imediato de todas as partes" e a retirada de todos os grupos armados, "incluindo estrangeiros", mas os combates não cessaram.

Além dos Presidentes da RDCongo e do Ruanda, participaram nesta reunião os chefes de Estado do Quénia, William Ruto, da Tanzânia, Samia Suluhu Hassan, e do Burundi, Evariste Ndayishimiye.

O Presidente de Angola, João Lourenço, cujo país não integra a EAC, também participou na reunião de hoje.

Numerosos grupos armados atormentam há décadas o leste da RDCongo e muitos deles são um legado de guerras regionais que eclodiram nas décadas de 1990 e 2000.

Na província de Kivu do Norte, o M23 (Movimento 23 de Março) apoderou-se de grandes territórios ricos em minerais desde novembro de 2021, e continua a avançar apesar de um roteiro para a paz concluído em Luanda, em Angola, em julho de 2022.

Essa rebelião, maioritariamente tutsi, voltou a pegar em armas no final de 2021, após quase 10 anos de exílio nos vizinhos Ruanda e Uganda, tendo entre as suas principais reivindicações a eliminação das FDLR, grupo fundado na RDCongo por ex-líderes políticos e militares responsáveis pelo genocídio dos tutsi em 1994 no Ruanda.

A RDCongo acusa o vizinho Ruanda de apoiar esses rebeldes, o que é corroborado por especialistas da ONU, dos Estados Unidos da América e de outros países ocidentais, embora Kigali negue.

O porta-voz do Governo da RDCongo, Patrick Muyaya Katembwe, citado pela agência France-Presse, disse que na reunião houve concordância de todos de que o M23 "não respeitou os seus compromissos".

"Até Paul Kagame o reconheceu", acrescentou.

Há também grande preocupação na província de Ituri, palco de frequentes ataques contra populações civis perpetrados por milícias comunitárias ou pelas Forças Democráticas Aliadas (ADF, na sigla em inglês), ligadas ao grupo extremista Estado Islâmico (EI).

Na quarta-feira, cinco pessoas morreram num ataque dos ADF a uma aldeia.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) estimou hoje que cerca de 605 milhões de dólares (cerca de 565 milhões de euros) serão necessários este ano para ajudar um milhão de refugiados da RDCongo e dos países africanos que os acolhem.

Em novembro, havia cerca de 5,5 milhões de deslocados no país, aos quais se somam mais de um milhão de pessoas que cruzaram as fronteiras para procurar refúgio nos países vizinhos.

Entre os países de acolhimento estão Uganda (com mais de 500.000 refugiados), Burundi, Tanzânia, Ruanda, Zâmbia, República do Congo e Angola.

Apesar de muitos refugiados fora do país, a RDCongo iniciou na quinta-feira o recenseamento dos eleitores para as eleições presidenciais de dezembro.

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