Lordelo
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Nos primeiros meses de 2022 os cantores portugueses queixaram-se mais do que os atores de desconforto vocal, devido ao uso de máscaras anti-Covid-19, revela um inquérito da Gestão dos Direitos dos Artistas (GDA), divulgado este sábado, 16 de abril, a propósito do Dia Mundial da Voz.
O inquérito foi realizado a 185 cantores e a atores para avaliar os níveis do desconforto vocal e os efeitos das máscaras anti-Covid-19 na voz dos artistas em Portugal. Segundo o estudo, em curso na Unidade de Voz do Hospital Egas Moniz, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, em parceria com a GDA, as principais queixas dos profissionais da voz artística são a secura das cordas vocais e a inflamação da garganta.
Clara Capucho, otorrinolaringologista, coordenadora da Unidade de Voz do Hospital Egas Moniz e professora da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, as queixas registadas são uma consequência de mais de dois anos de pandemia. "As consequências do uso prolongado de máscaras pelos profissionais da voz continuam a fazer-se sentir As máscaras reduzem a abertura normal da boca e, pela própria barreira que constituem, diminuem o teor de oxigénio dentro da cavidade bucal: essa menor oxigenação do aparelho vocal é responsável pela proliferação de fungos e de bactérias que, por serem anaeróbicas, crescem anormalmente sempre que há falta de oxigénio", explica a especialista, responsável científica pelo tratamento e interpretação dos dados do inquérito.
"Os artistas devem esforçar-se por retirar as máscaras sempre que isso não signifique um risco para eles ou para os outros", recomenda. Para além disso, "devem preocupar-se em beber água mais vezes e hidratar as cordas vocais, uma vez que as máscaras reduzem o teor de humidade da boca e constituem, por si só, uma barreira que faz com que as pessoas bebam água menos vezes por dia".
A otorrinolaringologista recorda que é muito importante que os artistas vão ao médico regularmente verificar a saúde do seu aparelho vocal.
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