Oposição georgiana boicota parlamento por recusa de libertar ex-PR

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"O tempo é de ira e de protesto", disse o deputado Levan Bezhashvili, do Movimento Nacional Unido (MNU), fundado por Saakashvili, apelando à população para comparecer hoje numa manifestação diante do Parlamento.


Um tribunal de Tbilissi recusou conceder liberdade condicional a Saakashvili, cujo estado de saúde se deteriorou fortemente desde que foi preso, em 2021.

Numa audiência transmitida pela televisão, o juiz decidiu "rejeitar o pedido" dos advogados de Saakashvili, a cumprir uma pena de seis anos de prisão por "abuso de poder".

Denunciando uma condenação política, o ex-líder, de 55 anos, protestou com várias greves de fome, que levaram à degradação do seu estado de saúde.

Na sexta-feira passada, os médicos que o acompanham afirmaram que o ex-chefe de Estado georgiano corre o risco de morrer devido ao estado de fragilidade e magreza extremas em que se encontra devido a subnutrição.

A decisão do Tribunal Urbano de Tbilissi coincidiu com as declarações do ministro da Justiça georgiano, Rati Bregadze, que questionou as conclusões apresentadas pelo grupo independente de especialistas sobre o estado físico e psicológico de Saakashvili, internado numa clínica desde maio de 2022.

A equipa de médico, que incluem especialistas georgianos e estrangeiros, estabeleceram que o ex-presidente foi diagnosticado com quase 50 condições ou problemas de saúde diferentes.

"O peso de Saakashvili passou de 115 para 68 quilogramas" desde que foi preso, em outubro de 2021, disse o advogado Dito Sadzaglichvili, em declarações à agência de notícias France-Presse (AFP).

"É uma perda de peso que está a ameaçar a sua vida. Na ausência de um diagnóstico apropriado do seu estado e de uma assistência médica adequada, corre o risco de morrer", garantiu a médica Mariam Jichkariani.

Numa audiência em dezembro, em que participou por videoconferência, Saakashvili surgiu com um ar muito fragilizado, o rosto emaciado, as mãos trémulas e o cabelo, outrora negro azeviche, então grisalho.

Após as eleições parlamentares de 2020, o MNU ocupou 27 dos 150 mandatos no Parlamento, controlado pelo pró-governamental Sonho Georgiano.

Segundo o deputado Bezhashvili, a decisão judicial sobre Saakashvili prejudica as "perspetivas europeias" da Geórgia, que aspira ingressar na União Europeia (UE).

Nenhum outro partido da oposição aderiu ao boicote anunciado pelo MNU.

Saakashvili presidiu a Geórgia, ex-república soviética do Cáucaso, entre 2004 e 2013, e em seguida exilou-se durante oito anos, sobretudo na Ucrânia, onde obteve a nacionalidade e ocupou cargos políticos.

O ex-Presidente georgiano regressou clandestinamente à Geórgia antes das eleições locais de outubro de 2021, mas acabou por ser detido para cumprir uma pena de seis anos de prisão por "abuso de poder", a que foi condenado à revelia em 2018.

Saakashvili, além da pena de seis anos de prisão por corrupção e abuso de poder, está a ser julgado por três outros processos criminais: desvio de fundos públicos, uso do Exército para interromper uma manifestação da oposição em 2007 e por entrar ilegalmente no país.

Em 2022, o Conselho da Europa apelou à libertação de Saakashvili, considerando-o um "prisioneiro político".

A organização não-governamental Amnistia Internacional (AI) classificou o tratamento que lhe foi reservado pelas autoridades georgianas como uma "evidente vingança política".

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