PCP critica "escalada", Chega questiona "o que custa" assumir invasão

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"Daqui condenamos todo um caminho de ingerência, violência e confrontação, o golpe de Estado de 2014, promovido pelos Estados Unidos da América na Ucrânia, que instaurou um poder xenófobo e belicista, a recente intervenção militar da Rússia na Ucrânia e a intensificação da escalada belicista dos Estados Unidos, da NATO e da União Europeia", afirmou Bruno Dias.


O deputado do PCP intervinha no debate temático sobre a situação na Ucrânia, que decorre hoje na Assembleia da República, no dia em que se assinala um ano do início da invasão da Ucrânia pela Rússia.

Bruno Dias apelou a que "Estados Unidos, NATO e União Europeia cessem de instigar e alimentar a guerra na Ucrânia, e que se abram vias de negociação com os demais intervenientes, nomeadamente a Federação Russa, visando alcançar uma solução política para o conflito".

A intervenção do deputado foi aplaudida pelos comunistas, mas ouviram-se ao mesmo tempo, e pela primeira vez neste debate, protestos e pateadas no hemiciclo, vindas de outras bancadas.

Defendendo que "não se põe fim à guerra insistindo no caminho que conduziu a ela", Bruno Dias considerou que é necessário "reverter as medidas incendiárias que lançam mais achas para a fogueira" e vincou que "a solidariedade do PCP é com o povo ucraniano e com todas as vítimas da guerra e não com um regime xenófobo, belicista e antidemocrático, rodeado e sustentado por forças de cariz fascista e nazi".

O comunista apontou igualmente os lucros da indústria do armamento, criticando que "a guerra é uma oportunidade para o grande capital e os seus interesses, à custa da morte e da destruição".

Num pedido de esclarecimento, o líder do Chega considerou que Bruno Dias fez "uma intervenção lamentável" e questionou "qual é o problema", o "que custa dizer que a Rússia invadiu a Ucrânia", salientando que "é isso que está em causa".

André Ventura afirmou que "se a Rússia não tivesse invadido a Ucrânia não havia nenhuma empresa a lucrar com a guerra" e defendeu que "a culpa não é de nenhuma empresa, a culpa, por muito que vos custe a admitir, é do sucessor da vossa União Soviética, é de Vladimir Putin e é da Rússia, que invadiu a Ucrânia".

Na resposta, Bruno Dias afirmou que "no plano político há um oportunismo para aproveitar a propaganda de guerra, para os ataques mais rasteiros a quem enfrenta de forma mais firme e consequente a extrema-direita e o poder económico que a financia".

"Quando as pessoas sofrem no dia a dia as consequências por toda a Europa, mas desde logo no nosso país, pagando a fatura da guerra, das sanções e do aproveitamento que delas se faz, é evidente que aqueles que defendem mais armamento para alimentar e mais alastrar a guerra queiram carregar nas tintas da propaganda e da manipulação, com a retórica do inimigo interno e do anticomunismo que já a PIDE utilizava há 60 anos quando os comunistas em Portugal e em África lutavam contra a guerra e pela paz", criticou o deputado do PCP.

No debate, o líder parlamentar da Iniciativa Liberal salientou que "os corações livres do mundo estão com os ucranianos" porque "há um ano que esse bravo povo enfrenta a mais bárbara agressão registada na Europa desde o fim da II Guerra Mundial".

Rodrigo Saraiva criticou também "o discurso hipócrita do falso pacifismo equidistante, que põe no mesmo plano agressores e agredidos" e aqueles que "fazem coro com a propaganda de Putin, de que são exemplo diversas forças políticas, aqui e fora de Portugal, que se dizem defensoras da paz enquanto justificam a guerra de agressão desencadeada pela Rússia".

O deputado único do Livre, Rui Tavares, referiu que "Putin para quando for parado, Putin recua quando for forçado a recuar" e Inês de Sousa Real, do PAN, sustentou o restabelecimento da paz "só se faz travando e responsabilizando Putin", tendo os dois manifestado solidariedade com o povo ucraniano.

Depois do debate, o parlamento vai votar um voto apresentado pelo presidente da Assembleia da República para exprimir a sua "total solidariedade com a Ucrânia e com o povo ucraniano".

Durante o debate, o PCP anunciou que apresentou um voto de condenação em que expressa "solidariedade para com as vítimas de uma guerra" e condena o "caminho de ingerência, violência e confrontação".

[Notícia atualizada às 12h44]

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