Peixe barato: fresco, mas mal conservado

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Conservação e higiene de sardinha, cavala, truta, faneca e carapau frescos são postas em causa por temperaturas elevadas nas peixarias. Espécies mais baratas são uma alternativa em tempo de crise, mas os resultados do nosso teste são desencorajadores.


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Grande Lisboa, Grande Porto e Setúbal foram palco do nosso estudo, entre agosto e setembro de 2012, a cinco espécies de peixe fresco. Enviámos para laboratório 69 amostras compradas nas peixarias de hipermercados e de rua. O grande inimigo da qualidade do peixe que comprámos é a temperatura elevada de conservação: quase 30% das amostras chumbaram neste critério.

As temperaturas elevadas no ponto de venda favorecem o desenvolvimento de microrganismos, responsáveis em parte pelos resultados críticos do nosso estudo.

O momento de adequar a legislação à realidade não pode continuar a ser adiado. Exigimos lei mais completa e fiscalização ativa para alterar a situação. Já comunicámos os resultados do nosso estudo à Autoridade de Segurança Alimentar e Económica para reforçarem a inspeção no terreno. A conservação e a higiene revelam o lado oculto do peixe não congelado. As condições precárias de venda impedem que tenhamos melhor peixe fresco.

Peixe a 11ºC e hóspedes incomodativos
A diferença entre a temperatura recomendável, próxima dos 0ºC, e a que medimos, no interior do peixe, é, por vezes, de 11ºC. Faneca e carapau acusaram mais problemas de conservação e higiene. Para se multiplicarem e crescerem, os microrganismos necessitam de calor, humidade, alimento e tempo. Em condições favoráveis, uma bactéria, por exemplo, pode originar milhões de outras em poucas horas. Assim, para os alimentos não se degradarem rapidamente, é condição imprescindível mantê-los a temperaturas adequadas.

Através de uma observação macroscópica e microscópica, identificámos e quantificámos parasitas. Verificámos que estavam vivos. Catorze em 15 amostras de carapau continham anisaquídeos. Nalgumas, a concentração era bastante elevada. Na cavala, 9 amostras, num total de 15, também não conseguiram escapar aos mesmos vermes. Em idêntica proporção, a sardinha albergava Kudoa spp. Um terço das fanecas também hospedava anisaquídeos.

Cozinhar bem os alimentos
Se o peixe não estiver envolto em gelo de forma uniforme, a escalada até à deterioração é rápida. Ingerir peixe em mau estado de salubridade, ainda que as alterações estejam numa fase inicial, pode implicar riscos para a saúde.

O consumidor deve assegurar-se de que o peixe é bem cozinhado, o que resolve a maioria dos problemas, destruindo parasitas como o Anisakis ou microrganismos potencialmente patogénicos. No local de compra, deve estar atento à higiene e conservação.

A preocupação com a qualidade dos alimentos é crescente, mas a legislação não tem o mesmo ritmo: há muitos géneros alimentícios sem critérios microbiológicos e, mesmo quando existem, são insuficientes. O peixe não foge à regra.




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