Pensões. Sindicatos franceses prometem endurecer luta a 7 de março

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"Estamos numa lógica de mobilização, com diferentes iniciativas. É a primeira vez que anunciamos algo tão grande com tanta antecedência como os protestos do dia 7 e 8 de março e entretanto vamos ter outras ações, não vamos ficar parados", disse Philippe Martinez, líder da CGT, uma das maiores centrais sindicais, em declarações aos jornalistas.


Em toda a França, cumpre-se hoje mais um dia de protestos contra a reforma do sistema de pensões que visa aumentar a idade da reforma para 64 anos, com as grandes centrais sindicais a reunirem-se numa reunião da intersindical esta manhã em Paris, para apelar para que os trabalhadores "endureçam o movimento e bloqueiem a França em todos os setores" no dia 7 de março.

"Nós estamos muito determinados e vamos ficar unidos. Só pedimos ao Governo que nos oiça e que oiça o que se passa nas ruas", declarou Laurent Berger, líder da CFDT, maior central sindical de França.

Esta união entre os principais sindicatos franceses, que não acontecia há mais de uma década, tem dado força a todos os que se vêm manifestar, como explicou Frederique, que veio até à Praça Republique manifestar-se contra o aumento da idade da reforma.

"Eles estão unidos, estão preparados para esta luta e acho que se sentem apoiados por todos nós, e isso é muito importante para continuarem. A mim, esta reforma das pensões faz com que eu só me consiga reformar um ano e meio mais tarde do que era previsto. Tenho 58 anos e trabalho no setor da construção civil e pensei reformar-me aos 60 anos", disse esta trabalhadora francesa.

A seu lado, no cortejo parisiense que contou com 500 mil pessoas segundo os sindicatos, estava a sua filha, Claire, de 27 anos. Mesmo tendo ainda uma carreira contributiva curta, Claire não se vê a trabalhar até aos 64 anos.

"Eu vim para defender a reforma da minha mãe e mesmo que eu tenha só 27 anos, acho que o Governo está a menosprezar os trabalhadores que se esforçam há tantos anos e que trabalham muito. Trabalho numa câmara municipal, com um contrato a prazo, sei que a minha reforma não será propriamente gloriosa e temos de nos bater por um futuro melhor, sobretudo não sermos derrotistas", declarou esta jovem.

A reforma do sistema de pensões em França está atualmente em discussão no hemiciclo na Assembleia Nacional, mas a primeira-ministra, Elisabeth Borne, já avisou que o aumento da idade da reforma, que atualmente se situa nos 62 anos, "não é negociável". Os deputados de esquerda opõem-se e mesmo se os deputado do Governo não têm maioria absoluta, procuram apoios à direita para aprovar esta lei.

Da sua parte, tanto Laurent Berger como Philippe Martinez reafirmam que não há quaisquer contactos com Borne e Raymond, reformado aos 60 anos e que veio até Paris para apoiar o protesto de hoje, diz que a culpa desta reforma não é a sustentabilidade da Segurança Social, mais sim, o autoritarismo de Emmanuel Macron.

"Acho que é o culpado disto é o autoritarismo de Emmanuel Macron. Ele acha que foi eleito como se fosse um rei, mas só foi eleito para que não fosse a Marine Le Pen. E, portanto, estamos face a um Governo que já mostrou várias vezes a sua inflexibilidade e parece-me que eles só ouvem a parte da direita, que essa sim, quer esta reforma", declarou.

Raymond lembrou que mesmo que a reforma seja aprovada - ainda terá de ir ao Senado e poderá mesmo depois ser aprovada de forma liminar através do artigo 49.3 da Constituição - os protestos não devem parar porque em 2006, uma lei que previa um período de experiência mais alargado para os jovens foi aprovada e retirada devido a protestos massivos.

"Não sei até quando vamos estar na rua, porque o lógico é ficarmos até o Governo retirar esta reforma de discussão. Mas claro que é complicado para todos que fazem greve, porque perdem o salário de um dia e com a inflação torna-se muito difícil. Mas é para isso que os sindicatos têm fundos próprios, para permitir que as pessoas façam greve", disse Raymond.

Por enquanto, ainda não se fala em França na recondução da greve geral, mas as grandes centrais sindicais têm fundos próprios e fazem recolhas de donativos que podem sustentar os protestos durante vários dias. Por enquanto, com mais uma greve geral marcada para dia 16 de fevereiro e o grande protesto de 7 de março, os franceses prometem não sair da rua.

"As coisas vão acabar mal para o Governo, as pessoas já estão na rua agora, nem imagino como vai ser se o Governo decidir passar a reforma contra a vontade de todos. Mesmo se passar, não vamos sair da rua", concluiu Frederique.

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