PJ falha escutas no caso Bragaparques

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As escutas que a Polícia Judiciária colocou no gabinete do ex-presidente da Câmara de Lisboa, Carmona Rodrigues, em 2007, redundaram num autêntico fracasso técnico, ao ponto de não terem passado de centenas de horas de ruído.
Ao contrário do que pretendia, o Ministério Público não conseguiu perceber se o ex-autarca contactava com o dono da Bragaparques ou se se verificavam alegados subornos.
O JN soube que na manhã do dia 23 de janeiro de 2007, quando 50 inspetores da Polícia Judiciária e seis magistrados do Ministério Público irromperam pelos Paços do Município, entrando nos gabinetes da presidência, e edifício do Campo Grande, onde se situam os departamentos de Urbanismo e Finanças, elementos do Departamento Central de Prevenção e Apoio Tecnológico (DCPAT) colocaram no gabinete do então presidente da Câmara, Carmona Rodrigues [2005-2007], equipamentos de escuta.
O objetivo, segundo apurou o JN, era averiguar se o autarca mantinha contacto com Domingos Névoa, se se abordavam algumas trocas de somas de dinheiro ou, essencialmente, qual seria a reação de Carmona após aquelas buscas, no âmbito do processo da permuta de terrenos do Parque Mayer e da Feira Popular, entre a Bragaparques e a autarquia.
A verdade é que a equipa da PJ deixou o equipamento de tal forma instalado que o material gravado traduziu-se em horas vãs de audição, num processo que vive essencialmente da troca de correspondência apreendida naquela manhã pelos inspetores da Direção Central de Investigação da Corrupção e Criminalidade Económica ou Financeira (DCICEF) - como se percebeu esta quarta-feira, em mais uma sessão do julgamento deste caso, nas Varas Criminais de Lisboa, em que continuou a ser ouvido o ex-presidente da Câmara Pedro Santana Lopes, como testemunha.
Estão acusados de violarem normas legais no exercício das suas funções os ex- autarcas Carmona Rodrigues (ex-vice-presidente de Santana Lopes em 2004-2005 e que assumiu alguns meses a presidência quando o social-democrata se tornou primeiro-ministro, liderando o negócio com a Bragaparques), Eduarda Napoleão (que era, em 2005, vereadora do Urbanismo e que tem acompanhado quase sempre Santana Lopes aonde quer que este rume desde 1990, quando o social-democrata era secretário de Estado da Cultura e ela Vice-Presidente do então IPPAR) e Fontão de Carvalho (sócio da empresa de consultadoria BDO e ex-vereador da oposição sem pelouro entre 2002 e 2004, que se recusou a trabalhar com Santana Lopes mas a quem Carmona deu o pelouro das Finanças nos poucos meses que esteve como presidente interino).
No rol dos acusados estão ainda Remédio Pires, ex-assessor jurídico de Santana Lopes e ex-director municipal dos Serviços Gerais, Rui Macedo e José Azevedo, ambos arquitetos da Câmara.
À altura do inquérito e após as buscas aos Paços do Município, Gabriela Seara, chefe de gabinete de Carmona Rodrigues, ainda chegou a ser constituída arguida. Razão, aliás, que a levou a suspender o seu mandato quando já era vereadora do Urbanismo [2005-2007]. Neste momento, Seara é apenas testemunha neste caso, que terá lesado os cofres da autarquia em 9,8 milhões de euros em taxas não cobradas, permitindo ainda à Bragaparques um encaixe financeiro de 12 milhões de euros.







JN

 
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