Polícia de Los Angeles mata duplo amputado negro em cadeira de rodas

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A polícia norte-americana está novamente a ser acusada de violência excessiva contra pessoas negras, depois de, no dia 26 de janeiro, perto de Los Angeles, dois agentes terem morto com oito tiros um homem afro-americano, com ambas as pernas amputadas, que fugia na direção contrária.


A polícia identificou o homem como Anthony Lowe, de 36 anos, afirmando que este terá saltado da cadeira de rodas e que foi acusado de esfaquear uma pessoa em Huntington Park, no estado da Califórnia.

Num vídeo divulgado pelas redes sociais, é possível ver os agentes a apontar as armas a Lowe. O homem estaria a segurar numa faca, e estava no chão, sem próteses (a NBC conta que este perdeu as duas pernas no ano anterior).

Lowe tenta escapar na direção contrária às autoridades, afastando-se aos saltos, até que a polícia, a passo, o atinge - primeiro com um taser e depois com cerca de 10 tiros nas costas.

O tiroteio em si não foi capturado pelas imagens de vídeo amador, mas as imagens podem ferir a suscetibilidade dos leitores mais sensíveis.

My cousin got this a few days ago. The gun shots happen a few seconds after he stop recording. I’m not sure what the backstory is.

— WaFlo (@WaFlo998)

Citada pela NBC News, a família do homem criticou os métodos usados pela polícia, questionando o nível de ameaça que uma pessoa que precisa de se deslocar numa cadeira de rodas representa para as autoridades.

"Quero saber a verdade e justiça, porque se alguém tivesse morto o Anthony, que é uma pessoa com dificuldades motoras, estaria na prisão neste momento por homicídio. Não estariam suspensos com direito a salário", disse Ebonique Simon, que tem um filho de 15 anos com Anthony Lowe.

A família também contou que as informações dadas pelas autoridades têm sido inconsistentes. A polícia contou-lhes que tinha presumido que Lowe era uma pessoa sem-abrigo, apesar de este ter passado a viver com a mãe após ter ficado sem ambas as pernas. Também referiram que este carregou sobre a polícia com a faca, mas o vídeo que está a ser partilhado e os testemunhos de civis no local contrariam também essa versão.

"O mundo inteiro viu o vídeo e não foi isso que aconteceu. Nem quero que o meu filho pegue no telemóvel, não quero que ele veja o vídeo", acrescentou Ebonique Simon.

Uma irmã de Lowe também explicou que este pode ter fugido da polícia devido ao seu medo por forças de autoridade. Yatoya Toy disse que o seu irmão foi "muito afetado pela morte de George Floyd" e era muito consciente de todos os incidentes envolvendo forças de autoridade e pessoas negras, pelo que o confronto com polícias armados tê-lo-á levado a tentar escapar à detenção.

A família só foi informada da morte do homem no dia seguinte, apesar de Anthony Lowe ter consigo documentos de identificação com a morada da sua mãe.

Hugo Reinaga, da unidade de homicídios da polícia do condado de Los Angeles, disse na quarta-feira que Lowe esfaqueou um homem de 46 anos, que se encontra estável no hospital. Ainda não foi elaborado um relatório oficial sobre a intervenção, mas a polícia de Huntington Park está a investigar a ação.

A força de autoridade disse que os agentes responderam a uma denúncia de esfaqueamento, com a vítima a alegar que tinha sido atacada por um homem negro. "O suspeito saiu da cadeira de rodas, correu contra a vítima e, sem provocação, atingiu-o no lado do peito com uma faca. O suspeito voltou depois à cadeira de rodas e fugiu do local", explica.

Os dois agentes envolvidos no tiroteio foram colocados em suspensão administrativa, com direito a salário, até que sejam conhecidas as conclusões da investigação.

O movimento Black Lives Matter já reagiu à morte de Anthony Lowe, com a co-fundadora do grupo em Los Angeles, Melina Abdullah, a dizer à imprensa que não sabe "como é que a polícia consegue justificar sentir-se ameaçada por um duplo-amputado numa cadeira de rodas".

A morte de Anthony Lowe pela polícia da região de Los Angeles surge depois de outras duas mortes de cidadãos afro-americanos terem espoletado uma vaga de protestos contra a violência policial. No início do mês, também em Los Angeles, Keenan Anderson foi morto depois de ter sido excessivamente 'eletrocutado' com tasers, após ter pedido ajuda à polícia por causa de um acidente de viação.

Mais recentemente, um jovem em Memphis, Tyre Nichols, foi brutalmente agredido e morto por cinco agentes numa paragem de trânsito, depois de não mostrar qualquer resistência e de ter pedido repetidamente ajuda à mãe - sendo que o vídeo das 'bodycams' dos polícias, divulgado na passada sexta-feira, ter originado mais protestos por todo o país.

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