Professores em Mobilidade Especial poderão perder até metade do ordenado

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Os professores que ficarem na mobilidade especial vão passar a receber, já em setembro, entre 33% a 53% menos do seu ordenado atual, revela a Fenprof, que recebeu a proposta do Ministério da Educação e Ciência.

Em declarações à agência Lusa, o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, considerou "uma vergonha" a proposta de plano de mobilidade especial que o Ministério da Educação e Ciência (MEC) entregou, na noite de segunda-feira.

Segundo Mário Nogueira, o documento define que os professores que passem para a mobilidade especial fiquem a receber, já em setembro, menos 33% do seu ordenado, embora para os docentes em topo de carreira a redução possa ser, de imediato, mais de metade, uma vez que o teto máximo na mobilidade especial são três salários mínimos (o equivalente a 1.455 euros).

"Para os professores em topo de carreira o corte não é de um terço mas sim de 52,9%. E, nestes casos, o que dizem que acontece aos professores ao fim de seis meses, para eles acontece logo no primeiro dia", explicou Mário Nogueira.

O plano define ainda que, passado um ano, o corte atinja os dois terços do rendimento atual dos professores. "É um percurso de 18 meses a iniciar em setembro, até ficarem sem salário ou serem despedidos", resumiu o sindicalista.

Mário Nogueira criticou ainda o documento por colocar os professores da mobilidade especial à frente dos que se candidatam pela primeira vez: "Até nisso é uma coisa extraordinária, porque o próximo concurso é daqui a quatro anos. Ou seja, o ministério está a dizer que, dentro de três meses, lhes vai cortar entre um terço e metade do salário, que daqui a ano e meio os vai pôr na rua mas depois diz 'não se preocupem porque daqui a quatro anos podem concorrer à frente dos outros'".

O documento deverá ser alvo de negociação esta quinta-feira, dia em que os sindicalistas se sentam à mesa com responsáveis do Governo. Mas, na Fenprof, a esperança de haver alterações é reduzida.

"Já não estávamos muito convencidos de haver grandes negociações, mas ainda estamos menos, desde que soubemos que também lá iria estar, pela primeira vez, o próprio secretário de Estado da Administração Pública, que é quem no Ministério das Finanças negoceia com os sindicatos e que, nesta matéria, tem sido absolutamente inflexível", disse.

Para Mário Nogueira, a proposta agora apresentada aos sindicatos vem dar "mais justeza" às lutas que os professores têm convocadas para junho, como a greve geral para o dia do primeiro exame nacional do secundário: "Querem que as pessoas façam o quê? Que batam palmas! Que votem neles outra vez! Aquilo que nós mais queremos é que eles vão para o olho da rua rapidamente", afirmou.

"Se o senhor ministro da Educação se dizia surpreendido por os professores quererem ir à luta, é porque pensa que não ouvem as suas propostas, não leem os seus documentos e andam distraídos, mas não andam. Os professores sabem que o que o senhor ministro está a fazer", garantiu o sindicalista que considera o documento "um bom exemplo de um instrumento que este ministério e o Governo querem utilizar, para iniciar a destruição" da classe docente e do ensino.

Mário Nogueira sublinhou que o documento "não tem nenhuma novidade, apenas agrava a situação". A única mudança, ironizou, "foi o espaço onde se discute o documento, que passou do Terreiro do Paço para as Laranjeiras", onde funciona o gabinete de Nuno Crato.








JN
 
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