"A Rússia quer vencer, porque caso contrário será entendido por todo o mundo como uma enorme derrota militar. O problema é que a Rússia reivindicou a anexação de territórios que não controla. Os historiadores tentaram encontrar se existiam precedentes, mas não conseguiram", referiu em entrevista à Lusa o diretor do programa para a Europa de Leste e Rússia do Instituto Finlandês de Assuntos Internacionais (FIIA), sediado em Helsínquia.
"Primeiro conquista-se o território, e depois anexa-se. A Rússia anunciou a anexação de territórios que não controlava na totalidade, e agora ainda menos, face ao anúncio da anexação em setembro. Por isso, tem de continuar a lutar", disse Moshes, numa altura em que passa quase um ano desde que as tropas russas invadiram a Ucrânia.
Os avanços militares ucranianos registados entre setembro e novembro também revelam a disponibilidade de continuarem a combater e rejeitar as reclamações da Rússia sobre alterações territoriais, com avanços russos pouco significativos até ao momento, e particularmente sangrentos, perspetivou.
"Apesar do esforço de guerra, não se tem registado resistência da sociedade russa. Mas dentro de um ano a situação pode ser muito pior para a Rússia, porque em termos económicos houve uma grande redução dos rendimentos do petróleo, a queda das importações, etc. Durante quanto tempo a população da Rússia irá tolerar que os seus maridos e filhos sejam enviados para a frente de combate... É difícil dizer, até agora tiveram sucesso, mas poderá não ser sempre assim".
Pelo contrário, Arkady Moshes, 56 anos, também membro do Programa de Novas Abordagens sobre Pesquisa e Segurança na Eurásia (PONARS, Eurásia), assinala que a motivação ucraniana é mais elevada.
"Por outro lado, a Ucrânia perdeu 35% do seu PIB, e a Rússia 3%. É algo que necessita de ser considerado, mas a economia ucraniana é ainda relativamente pequena, e o ocidente pode prosseguir a ajuda. Por agora, penso que não temos muitas opções, na certeza de que a guerra vai continuar, que os dois lados ainda estão muito longe das negociações".
Neste cenário, o investigador do FIIA admite a possibilidade de uma escalada no conflito, apesar de questionar as intenções de Moscovo.
"Podemos sempre pensar em armas nucleares, mas isso é uma situação diferente. Moscovo já referiu muitas vezes a possibilidade de usar armas nucleares, mas existe uma espécie de reação psicológica pela qual ninguém já acredita nessa hipótese", considerou.
"O ocidente saberia como ripostar, a China não ficaria satisfeita se fossem usadas [armas nucleares]. Não há qualquer apoio e entendimento sobre a potencial utilização por Moscovo de armas nucleares táticas, e que por si só provavelmente não alteraria a situação na linha da frente", argumentou ainda.
A atual fase do conflito é definida como uma "guerra de atrito, um triste desenvolvimento mas que constitui a realidade. Os recursos dos dois países para prosseguir a guerra estão longe de esgotados, e sabemos pela História que devido à atual situação o cessar-fogo é muito improvável... porque os dois países querem vencer", concluiu.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 7.110 civis mortos e 11.547 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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Os avanços militares ucranianos registados entre setembro e novembro também revelam a disponibilidade de continuarem a combater e rejeitar as reclamações da Rússia sobre alterações territoriais, com avanços russos pouco significativos até ao momento, e particularmente sangrentos, perspetivou.
"Apesar do esforço de guerra, não se tem registado resistência da sociedade russa. Mas dentro de um ano a situação pode ser muito pior para a Rússia, porque em termos económicos houve uma grande redução dos rendimentos do petróleo, a queda das importações, etc. Durante quanto tempo a população da Rússia irá tolerar que os seus maridos e filhos sejam enviados para a frente de combate... É difícil dizer, até agora tiveram sucesso, mas poderá não ser sempre assim".
Pelo contrário, Arkady Moshes, 56 anos, também membro do Programa de Novas Abordagens sobre Pesquisa e Segurança na Eurásia (PONARS, Eurásia), assinala que a motivação ucraniana é mais elevada.
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"Podemos sempre pensar em armas nucleares, mas isso é uma situação diferente. Moscovo já referiu muitas vezes a possibilidade de usar armas nucleares, mas existe uma espécie de reação psicológica pela qual ninguém já acredita nessa hipótese", considerou.
"O ocidente saberia como ripostar, a China não ficaria satisfeita se fossem usadas [armas nucleares]. Não há qualquer apoio e entendimento sobre a potencial utilização por Moscovo de armas nucleares táticas, e que por si só provavelmente não alteraria a situação na linha da frente", argumentou ainda.
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