Pouco antes das eleições intercalares de novembro de 2022, os ucranianos foram apanhados de surpresa pelas declarações do então líder dos Republicanos na Câmara de Representantes, Kevin McCarthy, que alertou que o seu partido não passaria um "cheque em branco" à Ucrânia se conquistasse a maioria dos assentos nessa eleição - o que acabou por acontecer.
Porém, a posição de McCarthy não é unânime dentro do próprio partido e não deverá ter peso suficiente para ser levada a cabo, segundo analistas.
"Os Republicanos estão divididos sobre o assunto. Alguns, especialmente os mais próximos de Trump - mas não todos - querem distanciar os Estados Unidos da oposição à Rússia. Os 'trumpistas' opõem-se ao envio de dinheiro ou pessoal americano para participar em conflitos estrangeiros, especialmente quando outros países mais próximos das cenas de conflito fazem menos para ajudar", disse o cientista político Richard Betts, diretor do programa de Política de Segurança Internacional da Universidade de Columbia.
No entanto, Betts salientou que muitos outros Republicanos, que representam a maioria tradicionalmente mais neoconservadora do partido, "apoiam ardentemente" a Ucrânia.
"Entre os Republicanos tradicionais e os Democratas mais unificados, a ajuda à Ucrânia deve estar garantida por algum tempo. Qual será a situação daqui a seis meses ou um ano? Isso é mais difícil de saber", observou.
O professor destacou ainda que a ala mais à esquerda do Partido Democrata compartilha alguns dos mesmos sentimentos anti-intervencionistas da ala mais à direita dos Republicanos, pelo que se "qualquer uma dessas fações crescer em força, a base para apoiar a Ucrânia enfraquecerá".
Também Colin Anderson, professor no Departamento de Ciência Política da Universidade de Buffalo, de Nova Iorque, concordou que o interesse de alguns Republicanos em impedir a ajuda à Ucrânia está intimamente ligado à ala partidária que integram.
"Aqueles que estão mais alinhados ideologicamente com Donald Trump foram os que se manifestaram contra a ajuda. Isso deve-se em grande parte ao facto de verem a Ucrânia como um Governo corrupto, visão que vem desde a época do primeiro julgamento de 'impeachment' contra Trump", disse à Lusa o especialista em política russa e estudos de conflito.
Esses Republicanos seguem também a política 'America First' (América primeiro) de Trump, que inclui o isolamento face a assuntos de âmbito mundial, advogou Anderson, salientando que o ramo mais moderado do partido ainda apoia a ajuda e os objetivos de Kiev, apesar de manifestarem preocupação com o valor ou com a supervisão desse auxílio.
"É improvável que os Republicanos da Câmara de Representantes consigam interromper a ajuda à Ucrânia, que ainda desfruta de um apoio bipartidário bastante forte, tanto no Congresso quanto entre o povo americano. O mais provável é que reduzam o montante da ajuda ou exijam condições adicionais, como o estabelecimento de uma infraestrutura de supervisão mais robusta", avaliou.
Além disso, se por algum motivo a ajuda norte-americana cessasse, Colin Anderson acredita que o impacto não seria necessariamente sentido no imediato, uma vez que ainda há uma quantidade significativa de armamento na Ucrânia neste momento.
Independentemente de os EUA suprimirem ou não essa ajuda, o professor considera também "improvável" que a União Europeia interrompa o seu apoio na forma atual, o que ajudaria a suavizar o golpe de perder a ajuda dos EUA.
"Não acho que a Ucrânia corra o risco de perder a ajuda dos EUA neste momento. No entanto, uma vez esgotado esse armamento doado, a Ucrânia encontrar-se-ia numa situação bastante grave. Se a Ucrânia for forçada a voltar ao armamento original, perderá a enorme vantagem tecnológica que possui atualmente, o que tornará as coisas mais fáceis para os russos", frisou.
Contudo, no que depender do Presidente norte-americano, Joe Biden, esse ajuda à Ucrânia continuará pelo "tempo que for preciso", como fez questão de frisar este mês, no seu discurso do Estado da União.
Desde 2014, os Estados Unidos comprometeram mais de 32 mil milhões de dólares (27,9 mil milhões de euros) em assistência de segurança à Ucrânia, incluindo 29,3 mil milhões de dólares (27,3 mil milhões de euros) desde o início da invasão pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022, segundo dados do Departamento de Defesa norte-americano.
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"Os Republicanos estão divididos sobre o assunto. Alguns, especialmente os mais próximos de Trump - mas não todos - querem distanciar os Estados Unidos da oposição à Rússia. Os 'trumpistas' opõem-se ao envio de dinheiro ou pessoal americano para participar em conflitos estrangeiros, especialmente quando outros países mais próximos das cenas de conflito fazem menos para ajudar", disse o cientista político Richard Betts, diretor do programa de Política de Segurança Internacional da Universidade de Columbia.
No entanto, Betts salientou que muitos outros Republicanos, que representam a maioria tradicionalmente mais neoconservadora do partido, "apoiam ardentemente" a Ucrânia.
"Entre os Republicanos tradicionais e os Democratas mais unificados, a ajuda à Ucrânia deve estar garantida por algum tempo. Qual será a situação daqui a seis meses ou um ano? Isso é mais difícil de saber", observou.
O professor destacou ainda que a ala mais à esquerda do Partido Democrata compartilha alguns dos mesmos sentimentos anti-intervencionistas da ala mais à direita dos Republicanos, pelo que se "qualquer uma dessas fações crescer em força, a base para apoiar a Ucrânia enfraquecerá".
Também Colin Anderson, professor no Departamento de Ciência Política da Universidade de Buffalo, de Nova Iorque, concordou que o interesse de alguns Republicanos em impedir a ajuda à Ucrânia está intimamente ligado à ala partidária que integram.
"Aqueles que estão mais alinhados ideologicamente com Donald Trump foram os que se manifestaram contra a ajuda. Isso deve-se em grande parte ao facto de verem a Ucrânia como um Governo corrupto, visão que vem desde a época do primeiro julgamento de 'impeachment' contra Trump", disse à Lusa o especialista em política russa e estudos de conflito.
Esses Republicanos seguem também a política 'America First' (América primeiro) de Trump, que inclui o isolamento face a assuntos de âmbito mundial, advogou Anderson, salientando que o ramo mais moderado do partido ainda apoia a ajuda e os objetivos de Kiev, apesar de manifestarem preocupação com o valor ou com a supervisão desse auxílio.
"É improvável que os Republicanos da Câmara de Representantes consigam interromper a ajuda à Ucrânia, que ainda desfruta de um apoio bipartidário bastante forte, tanto no Congresso quanto entre o povo americano. O mais provável é que reduzam o montante da ajuda ou exijam condições adicionais, como o estabelecimento de uma infraestrutura de supervisão mais robusta", avaliou.
Além disso, se por algum motivo a ajuda norte-americana cessasse, Colin Anderson acredita que o impacto não seria necessariamente sentido no imediato, uma vez que ainda há uma quantidade significativa de armamento na Ucrânia neste momento.
Independentemente de os EUA suprimirem ou não essa ajuda, o professor considera também "improvável" que a União Europeia interrompa o seu apoio na forma atual, o que ajudaria a suavizar o golpe de perder a ajuda dos EUA.
"Não acho que a Ucrânia corra o risco de perder a ajuda dos EUA neste momento. No entanto, uma vez esgotado esse armamento doado, a Ucrânia encontrar-se-ia numa situação bastante grave. Se a Ucrânia for forçada a voltar ao armamento original, perderá a enorme vantagem tecnológica que possui atualmente, o que tornará as coisas mais fáceis para os russos", frisou.
Contudo, no que depender do Presidente norte-americano, Joe Biden, esse ajuda à Ucrânia continuará pelo "tempo que for preciso", como fez questão de frisar este mês, no seu discurso do Estado da União.
Desde 2014, os Estados Unidos comprometeram mais de 32 mil milhões de dólares (27,9 mil milhões de euros) em assistência de segurança à Ucrânia, incluindo 29,3 mil milhões de dólares (27,3 mil milhões de euros) desde o início da invasão pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022, segundo dados do Departamento de Defesa norte-americano.
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