Ucrânia. Prigozhin diz que russos devem poder criticar chefias militares

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Os deputados russos aprovaram na terça-feira um diploma punindo com pesadas penas de prisão o facto de se "descredibilizar" os grupos armados como o grupo de mercenários Wagner, medida já em vigor relativamente às Forças Armadas russas e utilizada para silenciar as vozes dissidentes.


"Considero que a lei sobre a 'descredibilização' não deve estender-se ao comando, ou seja, a mim mesmo, ao ministro da Defesa e aos outros responsáveis que cometem ou podem cometer erros na operação militar especial [em curso na Ucrânia]", declarou Prigozhin.

"Sobre eles, deve poder dizer-se o que a sociedade considerar indispensável. Só o soldado é sagrado. Não se deve falar dos soldados", acrescentou, citado pelo seu serviço de imprensa, na plataforma digital Telegram.

De entre os responsáveis que deverão poder ser criticados, Prigozhin não mencionou, contudo, o Presidente russo, Vladimir Putin, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas russas.

Segundo o dirigente do grupo de mercenários Wagner, a nova lei aprovada esta semana visa sobretudo defender os ex-reclusos que o seu grupo recrutou de forma maciça nas prisões russas e que foram enviados para as frentes de batalha na Ucrânia, para que estes "não tenham que responder incessantemente sobre o seu passado".

O próprio Yevgeny Prigozhin critica regularmente o comando do exército regular russo, acusando-o de não apoiar suficientemente as suas tropas, que estão na primeira linha de combate no leste da Ucrânia.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 385.º dia, 8.231 civis mortos e 13.734 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

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