Lordelo
Avensat
Conforme explica uma reportagem avançada pela BBC, da autoria de María Mercedes Jiménez Sarmiento, Matilde Cañelles López e Nuria Eugenia Campillo, investigadoras no Centro de Investigaciones Biológicas Margarita Salas (CIB - CSIC), em Madrid, Espanha, a reação imunológica contra o coronavírus está dependente de uma vasta série de eventos em espiral, que por sua vez entendem se o organismo do indivíduo tem a capacidade de controlar celeremente a infeção.
Quando uma pessoa sobrevive a uma infecção, permanecem no organismo cerca de 100 linfócitos de memória, presentes no sangue e órgãos. Estes suscitam de imediato uma determinada resposta imunológica caso o corpo do indivíduo seja novamente atacado pelo mesmo agente patológico.
Todavia, essas células de memória morrem à medida que envelhecemos, e ainda mais rapidamente se a pessoa estiver sob stress constante ou sofrer de doenças crónicas.
Entre a imunidade inata e a adquirida surgem dois tipos de células imunes - as gama delta (γδ) e as exterminadoras naturais (NK).
Essas células, com a habilidade de reagir a qualquer agente externo agressivo, podem desenvolver memória relativamente aos agentes patogénicos pelos quais foram previamente atacadas - o que gera uma imunidade adaptativa.
Segundo as investigadoras: "os macrófagos, γδ e NK, não reconhecem uma proteína específica do agente patogénico, mas sim padrões moleculares de dano ou stress celular".
Ao invés, os linfócitos reagem a uma proteína específica do agente patogénico.
Sendo que nos humanos há uma predomínio do sistema imune inato das crianças (as quais ainda não têm a imunidade adaptativa) e os idosos (nos quais esta está pouco a pouco a extinguir-se).
Por outras palavras, uma vacina formulada contra uma certa proteína de um vírus deveria gerar uma resposta imune mais forte entre jovens e adultos; e entretanto, uma vacina contra o vírus total seria mais eficiente em crianças e idosos.
A necessidade de várias vacinas
O esforço hercúleo realizado por cientistas em todo o mundo para encontrar rapidamente uma vacina segura eficaz contra a Covid-19 não deve ser uma corrida para um único vencedor, explica a BBC.
"O próprio avanço da doença, compartilhado por outros SARS, provoca uma exagerada potenciação da resposta imunológica em indivíduos com um sistema imunológico desgastado ou menos eficiente (prevalência de resposta inata)", afirmam as investigadoras Sarmiento, López e Campillo.
"No entanto, uma vacina, para que seja eficaz por um tempo prolongado, deve desenvolver em um organismo uma resposta adaptativa - majoritariamente a gerada em adultos, não idosos".
"Por isso, o leque de vacinas que estará disponível no futuro poderá abarcar distintos graus de eficácia e permitirá conseguir uma imunidade de grupo suficiente para minimizar a transmissão e proteger os mais vulneráveis", contam as especialistas espanholas.
Acrescentando: "a melhor vacina deveria proteger o pessoal que trabalha no setor de saúde, os adultos com comorbidades, ser eficaz para crianças e idosos, minimizando o efeito imuno-potenciador, e de rápida e fácil produção e armazenamento".
Isto é, dispor de várias opções com especificidades diferenças irá permitir facultar a vacina a mais eficaz de acordo com cada indivíduo e situação.
Adicionalmente, elementos tais como a sazonalidade e a diversidade geográfica, sanitária e social têm impactado na incidência da doença e, como tal, irão igualmente afetar a estratégia de imunização.
"Em países tropicais se vacinaria em massa para proteger as populações mais vulneráveis. No entanto, em países com climas temperados, com incidência sazonal, se imunizaria a população de maior risco em períodos de baixa transmissão, como ocorre com a campanha anual contra a gripe".
"Para tanto, precisaremos de todas as vacinas candidatas que cruzarem a linha de chegada, e estar preparados para os novos desafios que, em saúde global, ainda estão por vir", concluem as investigadoras.
IN:NM