Um antigo comissário de bordo da companhia australiana Qantas, que acredita ter desenvolvido a doença de Parkison após repetida exposição a pesticidas no interior dos aviões, planeia processar o Estado, informou hoje o seu advogado.
Brett Vollus, de 52 anos, trabalhou 27 anos ao serviço da Qantas como assistente de voo, e pediu a reforma antecipada em maio passado.
O antigo funcionário da Qantas decidiu levar o caso à justiça, depois de o seu neurocirurgião, em Sydney, lhe ter feito o diagnóstico da doença e de lhe ter dito que estava a acompanhar vários tripulantes de cabina.
"Não há antecedentes de Parkinson na sua família e ele pensa ter contraído a doença por causa da sua exposição ao insecticida com o qual pulverizava os voos, pelo menos uma vez quinzenalmente durante 17 anos", explicou à AFP a advogada Tanya Segelov.
"A literatura médica estabelece uma relação entre a Parkinson, entre outras doenças neuromotoras, e os insecticidas, e essa ligação está claramente estabelecida", acrescentou.
A pulverização foi mandatada pelo governo australiano sobre as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) para prevenir a propagação de doenças transmitidas por insectos, como a malária.
Conhecida como a "desinfestação de aeronaves", a pulverização tem sido uma prática internacional desde a década de 1920 e as primeiras directrizes da OMS sobre o assunto foram publicadas em 1961.
O Ministério da Saúde da Austrália disse que o seu programa de desinfestação estava em conformidade com os requisitos da OMS e que todos os produtos utilizados foram avaliados como seguros para a saúde pela Autoridade australiana de controlo dos pesticidas e dos produtos veterinários.
"A OMS não encontrou nenhuma evidência de que os pulverizantes, quando usados de acordo com as orientações e instruções dos fabricantes, sejam prejudiciais para a saúde humana ", disse um porta-voz do governo australiano à AFP.
O sindicato australiano dos Trabalhadores dos Transportes disse que iria considerar a apresentação de uma acção colectiva em nome dos trabalhadores das aeronaves do país, caso sejam demonstrados os efeitos nocivos para a saúde dos insecticidas.
A Qantas, por sua vez, defendeu a sua posição, explicando estar simplesmente cumprir a lei.
Lusa/SOL