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«Apostámos na continuidade e na estabilidade» - Luís Filipe Vieira[/size]
O presidente do Benfica sublinha que optou pela vertente desportiva em detrimento da financeira, apostando na estabilidade do plantel para dar seguimento à afirmação do clube no panorama do futebol europeu.
«Os resultados do período de 2012/2013 poderiam ser substancialmente diferentes se tivéssemos optado por uma solução de rutura vendendo uma parte, qualitativamente significativa, do nosso plantel profissional. Entendi que esse não era o caminho, que devíamos optar por uma solução diferente, apostando na continuidade da equipa e na estabilidade dos meios de forma a poder prosseguir o nosso percurso de afirmação desportiva», escreveu Luís Filipe Vieira na mensagem dirigida aos sócios no relatório e contas de 2013/13 enviado à Comissão do Mercado de Valores Imobiliários (CMVM), sublinhando que, mais importante que «marcar presença entre a elite do futebol europeu» é o clube «fazer-se notar e deixar marca».
Entre outros pontos, o líder do clube destacou ainda «o orgulho» por ter conseguido incorporar no património os direitos televisivos, «uma decisão estratégica e inédita a nível mundial».
Leia na integra a mensagem de Luís Filipe Vieira:
Caros Accionistas,
Na lógica desportiva e financeira fortemente concorrencial em que estamos inseridos e onde se geram continuadamente mudanças, incertezas e novos riscos, é preciso aprofundar as bases em que assentou o nosso desenvolvimento e a nossa afirmação nacional e internacional na última década e retirar daí ensinamentos suficientes que, por mais difíceis e exigentes que venham a ser os próximos anos do ponto de vista económico – e serão –, nos ponham a salvo de fracturas conjunturais.
Vivemos tempos particularmente exigentes, tendo em consideração as dificuldades por que passamos, a escassez de recursos, a complexidade das questões que o mercado diariamente nos coloca e, finalmente, a expectativa daqueles para quem trabalhamos.
Os resultados do período de 2012/2013 poderiam ser substancialmente diferentes se tivéssemos optado por uma solução de ruptura vendendo uma parte, qualitativamente significativa, do nosso plantel profissional.
Entendi que esse não era o caminho, que devíamos optar por uma solução diferente, apostando na continuidade da equipa e na estabilidade dos meios de forma a poder prosseguir o nosso percurso de afirmação desportiva. É crítico marcar presença entre a elite do futebol europeu, mas, mais do que marcar presença, é preciso fazer-se notar e deixar marca. Por isso, e por querer que a nossa presença seja admirada, entendi que devíamos manter o investimento de anos anteriores.
Temos de nos conseguir superar e vencer o desafio, temos a obrigação de não nos deixar deprimir, e a manutenção do investimento no plantel profissional visa precisamente cumprir as nossas melhores expectativas.
Uma palavra especial dedicada à nossa formação. Agora, passados quase oito anos desde que foi inaugurado o Caixa Futebol Campus, começamos a ter resultados consistentes dessa aposta. Valores que já não são apenas uma promessa, mas antes uma certeza de futuro. Jogadores que marcam presença sistemática nas nossas selecções jovens e que seguramente serão apostas a médio prazo na nossa equipa profissional. Ter na primeira equipa jovens formados no Seixal é uma aposta estruturante e objectivo desta Administração.
Escrevi, no ano passado, na mensagem que acompanhou a apresentação de resultados, que o período poderia ter apresentado lucros e que, para tal, bastaria ter aceitado a proposta de renovação dos nossos direitos televisivos com a anterior empresa titular desses direitos.
Escrevi, ainda, que há valores para além dos valores económicos, e que um desses valores é a independência que a gestão desses direitos nos traria.
Um ano depois, tenho orgulho em poder dizer que conseguimos alcançar o objectivo, que conseguimos incorporar no nosso património os nossos direitos televisivos. Uma decisão estratégica e inédita a nível mundial.
A resposta do mercado foi imediata, e num espaço de tempo muito curto, a Benfica TV ultrapassou as suas melhores expectativas, atingindo em três meses os 220 mil assinantes. Trata-se de um projecto inspirado nos valores da marca e na sua história, mas é na actualidade do clube que assenta o espaço das suas emissões.
Finalmente, queria deixar uma referência àquela que foi sem dúvida a obra que marcou o ano: o Museu Benfica Cosme Damião. Sempre assumi que este espaço não era uma obrigação, mas antes um dever.
Para quem tem o património histórico do Sport Lisboa e Benfica, é evidente que um museu moderno, inovador e dinâmico era uma necessidade, não por uma questão de “fechar” a história entre quatro paredes, mas sim para que essa história possa estar bem presente no nosso presente e seja inspiradora do nosso futuro.
É impossível não sentir admiração por aqueles que em 1904 deram início a esta fantástica aventura. A visão daqueles que na Farmácia Franco iniciaram a nossa história está bem reflectida neste espaço que pretende ser um guardião do nosso ADN, reflectindo o peso e o valor da marca.
O Museu Benfica Cosme Damião traz-nos também à memória os muitos obstáculos que tivemos de encarar e ultrapassar durante estes 109 anos. Espero que seja um espaço inspirador para encarar com optimismo os próximos tempos e o período de ajustamento orçamental que estamos a viver e que tanto condiciona o poder de compra dos consumidores com os reflexos e consequências conhecidos.
Luís Filipe Vieira
Presidente do Conselho de Administração